Brasil, 5 de julho de 2025
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BRICS discute regulamentação de IA e soberania digital na cúpula do RJ

Durante encontro no Rio de Janeiro, países do Sul Global devem debater proteção de dados, uso de IA e autonomia digital

Na 17ª cúpula do BRICS, realizada nesta quarta e quinta-feira (6 e 7 de julho) no Rio de Janeiro, os países do bloco vão discutir temas essenciais como regulamentação da inteligência artificial (IA) e soberania digital. Com a presidência brasileira, a reunião traz uma agenda voltada ao fortalecimento do controle autônomo dos dados e ao desenvolvimento de uma regulamentação global da tecnologia.

Inteligência artificial e economia do Sul Global

Analistas apontam que o debate sobre IA pode focar na utilização de dados como ativo de valor econômico, além da necessidade de regras globais que orientem seu uso responsável. Segundo Bruno Nunes, especialista em tecnologia e CEO da Base39, o Brasil já avançou na proposta de regulamentação da IA, atualmente em análise na Câmara dos Deputados.

“Podemos criar estratégias coordenadas para integrar a IA na melhoria dos serviços públicos, como sistemas inteligentes de saúde e educação, que tornariam o atendimento mais eficiente e personalizado”, afirma Nunes. Ele destaca ainda a importância de investimentos conjuntos em pesquisa, criação de fundos e transferência de tecnologia entre os países do Sul Global, promovendo cooperação em laboratórios e startups de inovação.

Aplicações no agronegócio e indústria

No setor agrícola, o uso de algoritmos de IA para análise de clima, solo e imagens de satélite já é comum, ajudando na decisão de plantio e colheita. Drones que monitoram lavouras e máquinas autônomas estão aumentando a eficiência e reduzindo custos no campo, impulsionando o desenvolvimento econômico brasileiro neste segmento.

“Políticas conjuntas podem fortalecer a automação no agronegócio e na indústria, criando um mercado mais competitivo e inovador”, reforça Nunes, que sugere a criação de fundos compartilhados e intercâmbio de cientistas para ampliar essas ações.

Soberania digital

O bloco também deve debater a autonomia na gestão de seus próprios dados, evitando dependência de empresas estrangeiras e fortalecendo a infraestrutura digital regional. Milene Correia, especialista em propriedade intelectual, explica que a soberania digital envolve a proteção de dados pessoais e o desenvolvimento de algoritmos próprios. Ela destaca a necessidade de criar padrões regulatórios adaptados às especificidades do BRICS e promover parcerias para difusão de tecnologias de IA que respeitem a diversidade cultural do bloco.

Sustentabilidade e tecnologia

O alinhamento entre inovação tecnológica e sustentabilidade também será tema de discussão, com potencial para incluir o uso da IA em combate ao desmatamento, poluição e monitoramento ambiental. Segundo Correia, tecnologias verdes, como datacenters sustentáveis e critérios ambientais para a implementação de IA, podem impulsionar o crescimento econômico sem prejudicar o meio ambiente.

Bruno Nunes afirma que o Brasil está promovendo data centers verdes e que a IA pode ser uma aliada na busca por metas climáticas, desde que incorporada a uma política de incentivos fiscais e regras claras para emissões digitais. “Países emergentes podem aproveitar essas tecnologias para dar um salto no desenvolvimento, governando sua transformação digital”, conclui.

Próximos passos e desafios

A cúpula deve resultar em declarações que reforcem a necessidade de cooperação no uso ético de IA, proteção de dados e inovação sustentável. Governos e representantes também devem avançar na elaboração de uma agenda regulatória comum que fortaleça a autonomia digital do Sul Global, promovendo um desenvolvimento tecnologicamente inclusivo e ambientalmente responsável.

Segundo o site Portal iG, a expectativa é que a pauta contribua para equilibrar o domínio das grandes tecnológicas e promover uma verdadeira soberania digital para os países do bloco.

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