O presidente Donald Trump conseguiu aprovar um orçamento que destina cerca de US$ 175 bilhões para sua campanha de deportação em massa, um valor maior do que o gasto militar de quase todos os países, exceto os EUA e a China. O montante alocado é mais do que o custo estimado necessário para acabar com a fome no mundo por vários anos, levantando preocupações sobre as prioridades do governo e suas consequências humanitárias.
Um salário exorbitante para deportação em massa
Na quarta-feira, os senadores republicanos aprovaram um orçamento que favorece cortes de impostos para os americanos mais ricos, enquanto reduz serviços essenciais como o Medicaid e o SNAP (Programa de Assistência Nutricional Suplementar) para a população em geral. No entanto, a parte mais importante para a Casa Branca parece ser o financiamento para a limpeza de imigrantes do país, e potencialmente até de cidadãos americanos, como indicado por comentários do Vice-presidente JD Vance nas redes sociais, que afirmou que “tudo o mais é imaterial em comparação com o dinheiro destinado à ICE (Agência de Imigração e Controle de Alfândega) e às provisões de controle de imigração.”
Esse valor de US$ 175 bilhões, que supera em quase US$ 30 bilhões o orçamento militar da Rússia, está destinado a várias ações: cerca de US$ 30 bilhões para o orçamento de fiscalização da ICE, US$ 45 bilhões para a construção de novos centros de detenção, US$ 47 bilhões para a construção de um muro na fronteira, além de outros recursos. Segundo a estimativa do Programa Mundial de Alimentos, esses recursos seriam suficientes para financiar a erradicação da fome no mundo por quatro anos.
O surgimento de campos de detenção
Ainda em fase inicial, o aumento deste orçamento já se reflete em ações concretas, como a visita de Trump a um novo campo sendo construído na Flórida, denominado pelos críticos de “Alligator Auschwitz”. Esse centro, com capacidade para 3.000 imigrantes, custará cerca de US$ 450 milhões por ano, um pequeno percentual dos recursos alocados para novas instalações de detenção. O campo, financiado por fundos da FEMA, levanta questionamentos sobre as condições de detenção e os direitos humanos dos imigrantes.
Trump mencionou a possibilidade de que esses centros sejam apenas o começo de um novo sistema de encarceramento em todo o país. “Eu gostaria de vê-los em muitos estados. Realmente, em muitos estados”, disse o presidente. A American Immigration Council estima que a nova verba pode aumentar a capacidade da ICE para mais de 116.000 leitos, um número comparável ao total de japoneses-americanos internados durante a Segunda Guerra Mundial.
Detenção e deportação em escala crescente
Atualmente, a ICE detém cerca de 56.000 indivíduos em todo o país, o maior número desde agosto de 2019. De acordo com Sily Shah, diretora executiva da Detention Watch Network, a ampliação da capacidade de detenção significa que a administração Trump poderá intensificar drasticamente sua campanha de deportação. Para Shah, a normalização destas práticas é alarmante e as condições nos centros de detenção dificultam a luta dos imigrantes por seus direitos.
O novo orçamento destina um montante significativo para a contratação de novos agentes da ICE, criando uma força-tarefa que poderá incluir cerca de 10.000 novos funcionários, cada um recebendo um bônus de US$ 10.000. Essa expansão levanta preocupações sobre a atuação da ICE e as potenciais violações de direitos humanos, com uma expectativa de que as coordenações entre as forças policiais locais e a ICE intensifiquem a deportação em massa.
Resposta a preocupações e expectativas futuras
No entanto, enquanto defensores dos direitos humanos alertam sobre as implicações devastadoras desta política, autoridades como Tom Homan, czar da fronteira de Trump, planejam uma repressão a aplicativos que informam os imigrantes sobre seus direitos, demonstrando que a administração está disposta a intensificar a vigilância e o controle sobre a população imigrante.
A abordagem proposta pelo governo não apenas amplia a capacidade de detenção, mas também leva a uma normalização de um sistema que muitos consideram alarmante e desumano. A expectativa é que a nova legislação traga impactos profundos, não só na vida dos imigrantes, mas em toda a sociedade americana.
A crescente preocupação com os direitos humanos, especialmente em questões de imigração, fará com que o debate sobre esse orçamento e suas consequências continue a dominar a pauta política nos EUA e no mundo. A questão agora é: o que isso significa para os milhões de imigrantes que vivem com medo crescente sob um governo que parece priorizar a repressão sobre a compaixão?
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