A demissão do ex-secretário de Transportes, Washington Reis (MDB), pelo governador interino Rodrigo Bacellar deflagrou uma crise política no governo do Rio de Janeiro, que tem potencial para ameaçar a aliança formada para as eleições de 2026. A situação é delicada e envolve diversas peças desse tabuleiro, cada uma com suas ambições e estratégias. Vamos explorar as implicações dessa demissão e como cada figura política está se posicionando diante desse novo cenário.
Cláudio Castro: entre a demissão e a unidade
O governador Cláudio Castro (PL) enfrenta um dilema significativo. Caso mantenha a demissão de Reis, que foi feita por Bacellar sem seu aval, ele poderá enfrentar uma divisão dentro da base governista. Além disso, a concorrência do agora ex-secretário, que pode buscar uma vaga ao Senado, é uma possibilidade que preocupa. Por outro lado, uma eventual readmissão de Reis significaria uma ruptura com Bacellar, que, como primeiro na linha sucessória, exerce uma influência considerável na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Eduardo Paes: uma oportunidade em meio à crise
A demissão de Reis poderia aproximá-lo do grupo do prefeito Eduardo Paes (PSD), que já nutre uma boa relação com o ex-secretário. Essa aliança seria estratégica para Paes, que busca expandir suas relações fora da capital para concorrer ao governo. Contudo, seus rivais estão estimulando Reis a se candidatar ao governo, utilizando o descontentamento com Bacellar e a boa relação que Reis mantém com o ex-presidente Jair Bolsonaro como uma plataforma de lançamento.
Rodrigo Bacellar: um jogo de força
Rodrigo Bacellar (União) não está apenas observando a situação; ele deu um ultimato a Castro sobre a manutenção da demissão de Reis, buscando demonstrar força no estado. Bacellar também se vinculou de forma mais aberta ao ex-presidente Jair Bolsonaro, visando contar com o apoio dele como fiador de sua candidatura ao governo. No entanto, essa movimentação tem causado ruídos dentro do PL e gerado críticas de lideranças bolsonaristas locais.
Washington Reis: a continuidade da luta
Washington Reis, o ex-secretário de Transportes, se mantém firme na disputa política, dizendo que ainda irá discutir seu futuro com Castro assim que o governador retornar de viagem ao exterior. Ele está cultivando boas relações com Paes e com o Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto busca reverter uma condenação que pode torná-lo inelegível. Ao mesmo tempo, Reis tenta evitar que suas movimentações irritem a base do bolsonarismo.
Flávio Bolsonaro e o jogo político
O senador Flávio Bolsonaro, que busca a reeleição, também se reuniu com Bacellar um dia após a demissão de Reis. Interlocutores afirmam que Bolsonaro expressou reservas acerca de Bacellar e Castro, o que o leva a evitar compromissos firmes com uma aliança. Flávio tem articulado para que o vice da chapa de direita e o futuro presidente da Alerj tenham seu apoio, evidenciando as complexidades do cenário político atual.
Consequências para o tabuleiro político fluminense
A demissão de Washington Reis acendeu uma série de embates políticos e pode afetar diretamente as estratégias para as eleições de 2026 no Rio de Janeiro. Cada uma das partes envolvidas está agora recalibrando suas posições e buscando novas alianças. O clima de incerteza e a potencial cisão entre os aliados podem redesenhar o mapa político do estado nos próximos meses, à medida que cada jogador tenta garantir uma posição vantajosa nesse novo cenário.
Enquanto o governo do Rio de Janeiro navega por essas águas turbulentas, resta saber como as alianças e rivalidades moldarão o futuro político do estado. Com a proximidade das eleições, a situação pode evoluir rapidamente, trazendo novos desdobramentos e surpresas a cada dia.
