Goiânia – O dia 5 de julho de 2025 marcou o 13º aniversário da morte do advogado Davi Sebba, um crime que ainda ecoa na memória de amigos e familiares, destacando a dor da impunidade. Davi foi assassinado no estacionamento do supermercado Carrefour em Goiânia, após ser abordado por três policiais militares à paisana enquanto fazia compras para sua esposa, que estava na maternidade.
Entenda o caso que chocou Goiás
Na fatídica noite, Davi foi alvo de um único tiro no peito, que atravessou seu coração, causando sua morte instantânea. O assassinato levantou questões sobre o uso excessivo da força por parte das autoridades policiais. Treze anos após o crime, o sentimento de injustiça permanece evidente na família, que luta para que os responsáveis sejam punidos.
Caminhos judiciais e a luta por justiça
Desde o crime, a família de Davi tem acompanhado o desenrolar do processo judicial. Em 2024, os três policiais envolvidos perderam todos os recursos nas instâncias do Poder Judiciário de Goiás, bem como no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). O policial Jonathas Atenevir Jordão, autor confesso do homicídio, deve ser julgado pelo Tribunal do Júri, embora ainda não haja uma data definida para o julgamento.
Os outros dois acusados, Edinailton Pereira de Souza e Luiz Frederico de Oliveira, aguardam nova decisão em instâncias superiores, depois de verem seus recursos negados. A expectativa é que eles também respondam por homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo, já que evidências indicam que a cena do crime foi manipulada, e uma arma foi implantada no veículo de Davi após sua morte.
Manipulação da cena do crime
A investigação revelou que a cena do crime foi comprometida, com grandes alterações realizadas por parte dos envolvidos, incluindo a retirada de cápsulas de bala. Laudos periciais indicam que Davi estava com as mãos no volante do carro no momento do disparo, contradizendo a alegação de que ele estaria tentando acessar uma arma. Em abril de 2022, desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás reconheceram que Davi foi vítima de uma ação policial excessiva.
“O advogado Davi Sebba foi executado sumariamente, desarmado e indefeso, o que reafirma a necessidade de responsabilização dos agentes envolvidos”, aponta a família.
A crescente violência policial em Goiás
A morte de Davi Sebba não é um caso isolado. A letalidade policial em Goiás tem aumentado nos últimos anos. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam um crescimento alarmante nas mortes por intervenções policiais. Entre 2009 e 2015, as mortes em Goiás aumentaram mais de 100%, passando de 70 para 141 por ano.
Nos últimos cinco anos, a média de mortes decorrentes de ações policiais superou 500 anualmente. Em 2022, foram registradas 539 mortes, e em 2023, 517. Esses números colocam Goiás entre os estados mais letais do país nesse aspecto.
Um clamor por justiça e responsabilização
A família de Davi, assim como muitos cidadãos goianos, clamam por uma mudança no cenário da segurança pública e a responsabilização de policiais que cometem abusos. A recente decisão do Tribunal de Justiça de Goiás que cassou a determinação do uso de câmeras nas fardas dos policiais militares é vista como um retrocesso na luta contra a violência policial.
A necessidade de responsabilização daqueles que devem proteger a população é clara. “Esperamos que as evidências sejam finalmente reconhecidas e que o Tribunal do Júri processe os policiais envolvidos na morte de Davi. Não podemos permitir que o medo e a impunidade prevaleçam”, conclui a família em nota enviada ao Metrópoles.
O caso de Davi Sebba é um lembrete sombrio da importância da luta contra a violência policial e da busca por justiça em um sistema que muitas vezes falha em proteger os inocentes.