A Polícia Civil do Pará (PCPA) prendeu, na manhã desta sexta-feira (4/7), a pastora Marleci Ferreira de Araújo e seu marido, Ronnyson dos Santos Alcântara, em Belém (PA). O casal é investigado pela morte de uma mulher, identificada apenas como Flávia, que supostamente foi submetida a maus-tratos físicos e psicológicos.
Denúncia e início das investigações
As investigações começaram após uma denúncia recebida pela PCPA no dia 15 de maio deste ano, que alertou sobre as condições precárias em que a vítima vivia com o casal. Flávia era obrigada a realizar trabalhos domésticos e apresentava estado visível de desnutrição, segundo relatos. Os policiais visitaram o local, mas a mulher negou as acusações, alegando ter uma relação de amizade com Marleci e Ronnyson e se dizendo alvo de intolerância religiosa por parte de sua família.
“A mulher, visivelmente debilitada e com aspecto físico extremamente magro, negou os fatos narrados, alegando manter relação de amizade com o casal e ser vítima de intolerância religiosa por parte de sua família. Ela afirmou, ainda, que realizava trabalho remoto e recusou-se a acompanhar os policiais à unidade policial”, detalhou a delegada Bruna Paolucci, titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam).
Apesar da negativa da vítima, a PCPA prosseguiu com as investigações e, com base nas provas coletadas, solicitou a prisão preventiva do casal, bem como a realização de mandados de busca e apreensão em suas residências.
Condições precárias e violência psicológica
Durante a inspeção nas dependências onde Flávia morava, os agentes da polícia encontraram condições precárias de moradia e indícios de alienação emocional. Além da desnutrição, familiares da vítima confirmaram que ela havia sido submetida a violência psicológica, uma situação que agravava ainda mais seu estado de vulnerabilidade.
Morte por desnutrição grave
No dia 19 de junho, a polícia foi informada sobre a morte de Flávia, que foi oficialmente atribuída a desnutrição grave, conforme laudo médico. O casal levou a mulher até o Pronto-Socorro Municipal (PSM) do Guamá, onde se apresentou como “vizinho” da vítima. O detalhe alarmante é que Marleci e Ronnyson a deixaram no hospital sem qualquer documento de identificação, o que levantou suspeitas sobre a real circunstância de sua morte.
Após receber informações da assistência social sobre a necessidade de registro de ocorrência, os profissionais de saúde, também alertados por sinais de maus-tratos, informaram à polícia. Frente a essa suspeita, o casal fugiu do local, o que levou à intensificação das buscas e ao pedido de prisão preventiva, que foi autorizada pela Justiça.
Estado atual dos suspeitos
Marleci e Ronnyson foram conduzidos à unidade policial, onde estão à disposição da Justiça e esperam por deliberações sobre seu futuro legal. A sociedade se manifesta com espanto e revolta diante do caso, refletindo sobre os riscos de situações similares que ocorrem em lares onde a uma aparente normalidade pode esconder abusos graves.
A PCPA segue investigando o caso e pede à população que denuncie situações semelhantes, colaborando para que novos casos de maus-tratos não se repitam. A tragédia envolvendo Flávia é um alerta sobre a necessidade de um olhar mais atento a casos de violência e desumanização que podem ocorrer em nome de crenças ou relações interpessoais.
Flávia não é apenas um nome, mas uma lembrança triste de que a falta de intervenções adequadas pode levar a finais trágicos em situações de abuso. Com a detenção do casal, espera-se que a justiça seja feita e que a sociedade se una para combater este tipo de ocorrência.