A Polícia Civil do Acre (PCAC) informou que a divulgação, por parte da vítima, do caso de estupro durante uma imersão espiritual na Aldeia Me Nia Ibu, facilitou a fuga do suspeito. A turista chilena, Loreto Belén, relatou em seu Instagram ter sido estuprada pelo líder indígena Isaka Ruy. Este caso chocante levanta questões sobre a segurança e proteção das vítimas em situações de vulnerabilidade.
Entenda o desenrolar do caso
Segundo o delegado titular da unidade, Dione Lucas, após o registro do boletim de ocorrência e a apresentação das provas, a polícia fez um pedido de prisão preventiva de imediato. “Assim que tivemos elementos suficientes e consistentes apresentados pela vítima, solicitamos a prisão preventiva do investigado, que foi prontamente acatada pela Justiça. No entanto, enquanto aguardávamos a formalização do mandado, o suspeito fugiu do local”, explicou Dione.
A situação se torna ainda mais complexa quando se considera que a polícia afirma que o suspeito já estava sob monitoramento e próximo de ser preso. A divulgação pública do caso, feita pela vítima, embora compreensível sob o ponto de vista emocional, acabou prejudicando temporariamente a ação policial, permitindo que o suspeito escapasse antes da efetivação do mandado de prisão.
Relembre o caso: A história de Loreto Belén
A turista chilena, Loreto Belén Manzo, acusou o líder indígena Isaka Ruy de estupro durante sua imersão espiritual na Aldeia Me Nia Ibu (São Francisco), pertencente ao povo Huni Kuî, localizada no interior do Acre. Em um vídeo publicado em seu Instagram, ela relatou o ocorrido e registrou um boletim de ocorrência contra Isaka Ruy.
Belen conta que chegou à aldeia no dia 15 de maio e, no dia 19, passou pela primeira situação de assédio. Durante um banho medicinal, o líder indígena teria inserido as mãos nas partes íntimas da turista. Este momento foi registrado em gravação pela própria chilena. A situação se agravou alguns dias depois, quando Isaka teria tentado beijá-la à força.
Após os episódios de assédio, Loreto resolveu contar para os pais do indígena e para Iriki, a esposa de Isaka. Segundo a turista, eles se desculparam e pediram para que ela apagasse o vídeo que havia gravado. Mesmo após se desculparem, a família do acusado ofereceu que Loreto participasse da imersão sem custos, levando-a a se hospedar na casa do irmão de Isaka.
Conforme o relato, durante uma conversa no meio da selva, Isaka teria expressado seu desejo de que Loreto fosse sua parceira, o que resultou no crime de estupro. Além disso, a turista acusou a família do líder indígena de roubar seu celular, que continha evidências do abuso. No boletim, estão registradas as denúncias de abuso sexual, agressão física e roubo.
Consequências e desdobramentos
O caso de Loreto Belén é emblemático e reflete a vulnerabilidade das mulheres em situações de imersão cultural, onde se encontram expostas a riscos consideráveis. As autoridades precisam garantir que as vítimas se sintam seguras ao relatar abusos, e que a divulgação de seus casos não comprometa as investigações.
É importante que a Polícia Civil do Acre e demais órgãos competentes adotem medidas de proteção eficazes para garantir a segurança das vítimas e a celeridade nos processos de investigação. O caso de Loreto deve ser um alerta sobre a importância de um sistema que priorize a proteção às vítimas e promova justiça.
A polícia informou que suas equipes estão empenhadas para localizar o suspeito para efetuar sua prisão e esperam concluir a investigação até a próxima quarta-feira. A urgência de ações eficazes é fundamental para que a justiça seja feita e as vítimas possam encontrar segurança e suporte.
O que fica claro é que a luta contra a violência de gênero e a proteção das vítimas devem ser prioridade nas agendas de segurança pública, tanto em contextos urbanos quanto nas áreas rurais e indígenas.