Na madrugada desta sexta-feira (4), um trágico acidente em uma fábrica clandestina de fogos de artifício resultou na morte de Leandro Almeida Lima, em Maragogipe, na Bahia. O homem havia permanecido internado no Hospital Geral do Estado (HGE) desde o dia 20 de junho, data da explosão que causou o acidente. A confirmação da morte foi realizada pela Prefeitura local, trazendo à tona a realidade perigosa e muitas vezes letal das indústrias ilegais de fogos no Brasil.
O acidente e suas consequências
Leandro trabalhava na fábrica durante a explosão que, infelizmente, não foi um incidente isolado. Apenas quatro dias após o primeiro acidente, durante o feriado de São João, uma nova explosão ocorreu, ferindo mais duas pessoas: os irmãos João Vitor de Jesus Batista, de 17 anos, e David Miguel de Jesus Batista, de 25 anos. Eles também foram tratados no HGE, mas, infelizmente, não conseguiram sobreviver: João Vitor faleceu no dia 30 de junho e David Miguel no dia 2 de julho.
As circunstâncias da explosão e seus desdobramentos trouxeram preocupação às autoridades, levando o Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT) a iniciar uma investigação. O objetivo é identificar os responsáveis pela fábrica clandestina e as circunstâncias que levaram aos acidentes. Os casos geraram uma série de ações de fiscalização e apreensões em todo o estado.
Ações de fiscalização e apreensões
O MPT informou que, em conjunto com a Polícia Civil, Departamento de Polícia Técnica, Exército e Superintendência Regional do Trabalho (SRT-BA), foi responsável pela apreensão de 2,8 milhões de fogos de artifício ilegais em 2025, e a prisão de duas pessoas. As operações de fiscalização não ficaram restritas à região de Maragogipe; muitos materiais clandestinos foram apreendidos em cidades como Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Sapeaçu, Serrinha e Feira de Santana.
Um exemplo chocante das condições de trabalho em fábricas clandestinas ocorreu quando cinco trabalhadores foram resgatados em Alagoinhas, onde se encontravam em condições similares à escravidão. A gravidade dessas situações levanta questionamentos sobre a segurança e a legalidade das indústrias de fogos de artifício no Brasil, um setor que ainda carrega um histórico de tragédias.
A história das fábricas clandestinas de fogos na Bahia
A prática de produção clandestina de fogos de artifício tem raízes profundas no estado da Bahia. Desde a devastadora explosão de 1998, que é lembrada como a maior tragédia trabalhista da Bahia, a atividade ilegal se espalhou, tornando-se mais dispersa e escondida, muitas vezes localizada em áreas rurais remotas para evitar a fiscalização. As apreensões recentes representam um esforço significativo das autoridades para combater essa prática ilícita, que coloca em risco tanto a vida dos trabalhadores quanto da comunidade.
Por exemplo, em junho do ano passado, uma operação na cidade de Cruz das Almas resultou na apreensão de mais de duas mil “espadas” (um tipo de fogo de artifício), que estavam sendo produzidas em uma fábrica clandestina da zona rural. Além disso, em 19 de junho, a Polícia Civil realizou uma das maiores apreensões de fogos clandestinos dos últimos 10 anos, contabilizando 2,5 milhões de unidades. Esse número alarmante demonstra a necessidade premente de ações rigorosas para desmantelar as operações ilegais que continuam a ameaçar vidas.
Perspectivas e preocupações futuras
Enquanto as investigações do MPT continuam e as apreensões de fogos ilegais ocorrem, a preocupação com a segurança dos trabalhadores e da população permanece em evidência. O recente trágico acidente em Maragogipe serve como um chamado à ação para as autoridades de segurança pública, para que medidas efetivas sejam adotadas visando a erradicação dessas fábricas ilegais e a proteção dos trabalhadores. A sociedade civil também deve estar atenta, pois a demanda por fogos de artifício, especialmente durante festividades, pode sustentar essa indústria perigosa e ilegal.
As forças de segurança e o MPT precisam continuar seus esforços e garantir que momentos de celebração não se transformem em tragédias. A luta contra a clandestinidade e a proteção dos direitos dos trabalhadores deve ser uma prioridade, preservando assim não apenas vidas, mas também a dignidade humana em todas as suas formas.
Para mais detalhes sobre as ações e investigações em curso, fique de olho nas notícias em veículos locais e nas redes sociais.