Brasil, 6 de julho de 2025
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Entenda como a cláusula de transbordo dos EUA afeta o comércio com o Vietnã

Novo acordo entre EUA e Vietnã busca evitar tarifas elevadas, mas a cláusula de transbordo pode gerar tensões com a China

Um acordo comercial entre os Estados Unidos e o Vietnã será implementado nesta semana, permitindo que as exportações vietnamitas para os EUA tenham tarifas mais baixas. Contudo, uma cláusula relacionada a transbordo de cargas ameaça complicar a relação do Vietnã com a China, maior parceiro comercial do país asiático.

Como funciona a cláusula de transbordo no acordo EUA-Vietnã

De acordo com o acordo anunciado na quarta-feira, as exportações vietnamitas para os EUA terão uma tarifa de 20%, menor do que a taxa inicial de 46% prevista em abril. No entanto, cargas que forem transbordadas—ou seja, transferidas de um navio para outro durante o trânsito—serão tarifadas a 40%. Essa medida parece ser uma resposta às práticas de transbordo usadas pela China para contornar tarifas americanas.

O que é transbordo e por que é importante

Transbordar envolve transferir carga de um navio para outro enquanto ela está em trânsito, muitas vezes para disfarçar a origem do produto e evitar tarifas. Assim, produtos de origem chinesa podem passar pelo Vietnã, receber uma etiqueta de país de origem diferente e serem enviados aos EUA com tarifas reduzidas ou isentas.

O acordo, no entanto, estabelece que cargas transbordadas — ou seja, que passam por esse processo de mascaramento — terão tarifas de 40%, visando dificultar essa prática e proteger as tarifas americanas.

Implicações para o comércio e relações com a China

O presidente Donald Trump afirmou que o Vietnã abrirá seu mercado aos produtos dos EUA, eliminando tarifas sobre importações americanas. Segundo ele, “eles vão abrir o mercado para os Estados Unidos, permitindo vender nossos produtos ao Vietnã sem tarifas”.

Por outro lado, especialistas apontam que essa cláusula de transbordo pode gerar tensões com a China, já que Pequim é o principal fornecedor de componentes usados na fabricação de produtos que passam por reexportação via o Vietnã. China fornece uma parte significativa das matérias-primas e componentes que chegam ao Vietnã, muitos dos quais são redescritos como “Made in Vietnam” para evitar tarifas.

Impacto nas relações comerciais asiáticas

Restrição ao transbordo pode usar uma estratégia que incomoda a China, maior parceiro comercial de várias nações asiáticas. Como a China exporta tanto para o Vietnã quanto para o resto da Ásia, qualquer medida que limite o reuso dessa prática terá efeitos indiretos na cadeia de suprimentos regional.

Repercussões futuras do acordo

Desde que anunciou suas tarifas recíprocas em abril, Trump tem buscado fortalecer a relação comercial com o Vietnã para fortalecer sua estratégia contra a China. Vietnã, que se esforça para manter uma relação amistosa com os EUA, vê o acordo como uma oportunidade de ampliar suas exportações.

No entanto, especialistas alertam que a postura mais rígida dos EUA em relação ao transbordo pode levar a uma maior tensão com a China, que continuará sendo um ator principal na cadeia global de suprimentos.

O acordo entra em vigor nesta semana, e as implicações para o fluxo comercial na Ásia ainda estão por ser completamente avaliadas, especialmente quanto ao impacto das restrições ao transbordo na dinâmica econômica na região.

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