O futebol mundial tem passado por mudanças significativas, especialmente com a ascensão de equipes do Golfo Pérsico como o Al Hilal e a atuação de seus rivais europeus. Este cenário foi evidenciado pela recente eliminação do Manchester City na Copa do Mundo de Clubes, onde o Al Hilal, grupo saudita, avançou para as quartas de final, enquanto o time inglês, comprado em 2008 pelo príncipe Mansour Bin Zayed, se despediu da competição. Este acontecimento não apenas destaca a força do futebol saudita, mas também levanta questões sobre o uso do esporte como ferramenta de imagem nacional.
A ascensão do Al Hilal e a queda do Manchester City
Desde a compra do Manchester City, o clube se transformou em uma potência na Premier League, conquistando vários títulos nos últimos anos. Em contraste, o Paris Saint-Germain, que passou a ser controlado por um fundo de investimento do Catar em 2011, também emergiu como uma força dominante no futebol francês. Entretanto, na Copa do Mundo de Clubes, o PSG avança, enquanto o City volta para casa após uma derrota para o Al Hilal, um reflexo claro da crescente competitividade das equipes do Golfo Pérsico.
O investimento saudita no futebol
A Arábia Saudita, que comprou o Newcastle através de um fundo soberano, está intensificando seus investimentos não apenas em clubes, mas também na promoção de eventos esportivos para projetar uma nova imagem internacional. O termo sportwashing ganha cada vez mais relevância, evidenciando a estratégia de usar o esporte para ocultar questões internas da sociedade saudita, que por muito tempo foi vista como repressiva. O país já se prepara para sediar a Copa do Mundo em 2030, um feito que além de promover o turismo, visa mudar a percepção global sobre a nação.
Impacto do sportwashing na imagem saudita
Nos últimos anos, a Arábia Saudita procurou se distanciar de sua imagem negativa, representada por eventos marcantes como a repressão às liberdades civis. Hoje, o país se cercou de estrelas do futebol, como Cristiano Ronaldo e Benzema, atraindo olhares curiosos e admirados pelo projeto esportivo. A transformação é emblemática, e o príncipe Mohammad bin Salman, embora mantenha uma governança autoritária, busca liberalizar a sociedade, moldando-a para se assemelhar mais a um centro global como Dubai.
A relevância de clubes tradicionais
No Brasil, clubes como Palmeiras e Fluminense possuem uma longa história centenária e uma base de torcedores apaixonados. Embora sua visibilidade global tenha aumentado com a Copa do Mundo de Clubes, o futebol brasileiro ainda é considerado uma marca forte, semelhante a uma Ferrari, carregando uma tradição que resiste ao tempo. Torcedores mais antigos se sentem profundamente conectados aos seus times, atuando como um antídoto à paixão artificial que pode ser observada em algumas das torcidas europeias.
O fenômeno Al Hilal e a paixão local
O caso do Al Hilal é peculiar. Diferentemente das equipes europeias que dependem de investimentos externos e um público diversificado, o Al Hilal é uma equipe que flui da nação saudita. O time é como o Flamengo no Brasil, detendo uma base de torcedores histórica e apaixonada. O sucesso do Al Hilal na Copa do Mundo de Clubes não apenas reafirma seu status, mas também simboliza a crescente competitividade da liga saudita no cenário global.
À medida que o futebol continua a se transformar em uma arena de estratégia política e imagem nacional, o caso do Al Hilal e a eliminação do Manchester City servem como um alerta e exemplo sobre como a dinâmica do esporte está mudando. As fronteiras do futebol ultrapassam o campo de jogo e atingem esferas de poder e identidade cultural, refletindo mudanças profundas na sociedade global.