A Unimed, maior representante do cooperativismo na saúde suplementar no Brasil, alcançou um faturamento de R$ 115 bilhões em 2024, com R$ 96 bilhões destinados à área de saúde e profissionais. São 118 mil médicos cooperados distribuídos por 340 cooperativas, que atendem cerca de 20 milhões de brasileiros. Apesar do gigante, o sistema enfrenta dificuldades relacionadas à governança e à saúde financeira de suas cooperativas.
Estratégias e desafios do sistema Unimed
Mais da metade dos clientes Unimed possuem contratos coletivos, enquanto 45% têm planos individuais. A presença em mais de 90% dos municípios brasileiros demonstra a capilaridade do sistema, que, no entanto, não garante sucesso uniforme. Cesar Serra, diretor adjunto de Normas e Habilitação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), destaca a necessidade de fortalecer a governança e a relação entre cooperativa e médico cooperado.
“É preciso padronizar essa governança. Existe um esforço, mas é fundamental ir além”, afirma Serra. Ele alerta que há cooperativas com boas saúdes financeiras, enquanto outras enfrentam prejuízos, especialmente por parte da Unimed Nacional, que teve um prejuízo de R$ 503 milhões em 2024, maior do setor.
Gestão eficiente como diferencial competitivo
Um exemplo de boa gestão vem da Unimed BH, que possui 1,5 milhão de beneficiários e registrou um aumento de 13,78% na receita líquida em 2024, atingindo R$ 6,89 bilhões. O resultado operacional foi de R$ 294,7 milhões — 24,27% superior ao de 2023 — e o lucro líquido chegou a R$ 390,5 milhões. A cooperativa também mantém, há sete anos consecutivos, a nota máxima no Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS), da ANS.
Segundo Frederico Peret, diretor-presidente da Unimed BH, a estratégia inclui fortalecer o vínculo com os médicos cooperados, a jornada integrada do paciente, qualificação da rede assistencial e regionalização. Para ele, uma governança colaborativa, com todos se sentindo donos do negócio, é essencial para manter a competitividade do sistema contra outras operadoras.
Reestruturação e perspectivas para o setor
Luiz Otávio Fernandes de Andrade, presidente da Unimed Nacional, informa que, após dificuldades financeiras, o resultado operacional de 2025 começou a melhorar. Os cinco primeiros meses do ano apresentaram resultados positivos, com maio sendo o quarto mês consecutivo de lucro líquido sustentável. Ainda assim, a cooperativa mantém uma dívida bancária significativa e passa por uma reestruturação, incluindo a revisão de contratos e esforços para equilibrar os custos.
Andrade atribui os problemas de crise a uma gestão inadequada e à ausência de um processo sistemático de capitalização, além de erros de precificação. Ele reforça que o cooperativismo é fundamental para manter a presença em praças pouco atraentes do ponto de vista comercial, garantindo a capilaridade do sistema.
Perspectivas e ações para fortalecer o sistema
Para garantir a sustentabilidade do sistema, medidas como a melhora na gestão, maior ênfase na prevenção e o fortalecimento da participação dos médicos cooperados são essenciais. A Unimed vem investindo na regionalização e na expansão da rede própria, com unidades em construção na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Leandro Berbert, sócio-líder de Health Sciences & Wellness da EY Brasil, destaca que o setor enfrenta desafios adicionais, como o impacto de uma maior produção por alguns cooperados, que pode desequilibrar financeiramente a operadora, exigindo aportes extras de médicos.
Apesar dos desafios, a trajetória da Unimed demonstra que o cooperativismo é capaz de sustentar uma operação em praças pouco econômicas para as grandes empresas do setor, reforçando sua importância para a saúde suplementar no Brasil.
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