No último janeiro, Joneuma Silva Neres, ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, foi presa e indiciada por diversas acusações, incluindo a facilitação da fuga de 16 detentos. Esta fuga, ocorrida em dezembro do ano anterior, expôs graves irregularidades na gestão da unidade prisional, levando a um processo que revela a influência do crime organizado dentro do presídio.
Detalhes da fuga e as acusações
Após nove meses à frente da unidade, Joneuma foi indiciada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) junto com outras 17 pessoas, incluindo o ex-coordenador de segurança Wellington Oliveira Sousa. A investigação aponta que Joneuma teria facilitado a entrada de regalias aos presos, como roupas e equipamentos, além de manter um relacionamento com Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como Dadá, um dos líderes de facções criminosas. Esse relacionamento e as denúncias de corrupção levantaram questões sérias sobre como o sistema penitenciário estava sendo gerenciado.
Nos documentos divulgados, Wellington detalha como Joneuma cedia a pedidos feitos por Dadá, o que levava a regalias e permissões irregulares dentro do presídio. Os depoimentos indicam que a esposa de Dadá tinha acesso ao local sem a devida inspeção, demonstrando uma clara fragilidade na segurança da unidade.
Implicações pessoais e profissionais
A prisão de Joneuma não só trouxe à tona práticas irregulares dentro do presídio, como também impactou sua vida pessoal. Durante a detenção, descobriu-se que estava grávida, e o filho nasceu prematuro, sendo mantido com ela na cela. Sua irmã e advogada, Jocelma Neres, defende a inocência da ex-diretora e expressa preocupação com a condição do sobrinho no ambiente prisional.
Além disso, um pedido judicial de auxílio financeiro foi feito por Joneuma em relação ao ex-deputado federal Uldurico Alencar Pinto, alegando que ele seria o pai da criança. A defesa de Joneuma contesta as acusações e busca esclarecer os vínculos com políticos que visitavam a unidade sem os devidos procedimentos de segurança.
As repercussões da fuga e ações do governo
O MP-BA denunciou os envolvidos na fuga, e as investigações continuam em andamento. Quinze dos fugitivos ainda são procurados, sendo que um deles foi encontrado e morto durante uma tentativa de prisão. A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) da Bahia afirmou que participou ativamente das investigações e que a atual gestão da unidade busca endurecer as regras para evitar novas irregularidades.
A situação em Eunápolis é alarmante e revela a necessidade de uma reforma mais abrangente no sistema prisional brasileiro. O caso de Joneuma é apenas um exemplo da fragilidade do sistema, onde a corrupção e o controle do crime organizado predominam. O papel da Seap e a atuação das forças de segurança estão sendo constantemente avaliados para garantir que situações como essa não se repitam.
Conclusão
O caso da ex-diretora Joneuma Silva Neres ilustra a complexidade e os desafios enfrentados pelo sistema penitenciário no Brasil. Com a corrupção sendo uma realidade alarmante, a sociedade aguarda respostas e ações contundentes para restabelecer a ordem e a segurança nas unidades prisionais. O desenrolar do processo trará à tona mais informações sobre as redes de cumplicidade que possibilitam a operação de facções dentro do sistema carcerário.