O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), saiu em defesa da escolha do Curupira como mascote oficial da COP30, que ocorrerá em Belém (PA) neste novembro. A figura mítica do folclore brasileiro representa a proteção das florestas e animais, sendo facilmente reconhecida por seus cabelos vermelhos e pés virados para trás. A escolha gerou críticas por parte do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um opositor fervoroso do governo e das políticas ambientais.
A polêmica sobre o Curupira
Após a declaração de Nikolas em suas redes sociais, onde ironizou a escolha do Curupira, Barbalho respondeu afirmando que a figura folclórica é um símbolo do cultivo cultural brasileiro, além de um defensor das florestas. “Enquanto uns mostram que andam pra trás ao não reconhecer a cultura e o folclore do nosso País, a gente avança fazendo o mundo inteiro voltar os olhos ao Brasil e ao Pará como grandes protagonistas das discussões e iniciativas em prol da preservação do meio ambiente e dos povos da floresta”, escreveu o governador.
O deputado, em tom satírico, disse que o Curupira “anda para trás e pega fogo”, mas essa afirmação é uma interpretação equivocada, já que, conforme a lenda, seus pés estão virados para trás apenas para despistar caçadores e intrusos nas florestas. No folclore, o Curupira pode se transformar em “fogo-vivo” para proteger o ambiente que defende.
Herança cultural e ambiental
A escolha do Curupira como mascote da COP30 também reflete um esforço do governo em se alinhar com os povos tradicionais e suas culturas, especialmente as que estão presentes na Amazônia, considerando a conferência como a “COP das Florestas”. Barbalho ressaltou que o Curupira é um protetor e que servirá como um símbolo de resistência para aqueles que torcem contra o Pará e o Brasil.
As queimadas no Brasil foram um ponto crucial no debate ambiental nos últimos anos. Segundo informações do MapBiomas, o ano passado registrou um recorde de 30 milhões de hectares queimados, um aumento de 62% em relação à média histórica desde 1985. Entretanto, dados recentes mostram uma redução de 46% no número de focos de incêndios no primeiro semestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano passado. Este progresso levou o governo federal a criar o Projeto Manejo Integrado do Fogo, buscando melhorar a estrutura dos Corpos de Bombeiros e das brigadas de combate a incêndios.
Nikolas e as polêmicas ambientais
Nikolas Ferreira é um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, e sua postura tem se caracterizado por uma crítica à gestão ambiental atual. Ele tem sido uma voz forte contra as políticas de proteção ambiental, especialmente as lideradas pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em uma audiência na Câmara, por exemplo, Ferreira chamou a ministra de “contraditória” e “incompetente” em meio ao aumento das queimadas. Marina, em resposta, destacou o impacto negativo dos cortes orçamentários feitos pelo Congresso nas ações de proteção ambiental.
Os debates em torno da escolha do Curupira e das políticas ambientais refletem a tensão política no Brasil, onde a preservação do meio ambiente muitas vezes se choca com interesses econômicos e políticos. As críticas à escolha do Curupira revelam não apenas a resistência a uma valorização do folclore e da cultura indígena, mas também uma concepção mais ampla de como o Brasil aborda sua identidade cultural em um cenário global.
Enquanto isso, o apoio a figuras como o Curupira na COP30 pode simbolizar uma esperança de que o Brasil assuma um papel de liderança nas discussões sobre mudança climática e conservação ambiental, alinhando-se mais proximamente aos ideais dos povos da floresta e suas tradições.
A COP30 promete ser um momento crucial para o Brasil e suas referências culturais, assim como para as questões ambientais que o país enfrenta atualmente. O resultado dessas tensões pode influenciar não apenas políticas futuras, mas também a narrativa sobre a identidade brasileira no palco mundial.