A Petrobras revelou nesta quinta-feira (3) que está enfrentando dificuldades para preencher vagas de trabalho em suas operações, principalmente por meio de empresas terceirizadas. A companhia está investindo em parcerias para capacitar mão de obra e também tenta recuperar profissionais que deixaram o setor em busca de empregos informais, como motoristas de plataformas de aplicativos.
Desafios na contratação e estratégias de qualificação
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou que a empresa já está em uma fase de pleno emprego, com falta de eletricistas, caldeireiros e outros profissionais essenciais às suas operações. “Já estamos nessa fase de pleno emprego, já estão faltando eletricistas, caldeireiros e soldados, todo esse arsenal de pessoal que nós utilizamos e mobilizamos para as nossas operações”, afirmou Chambriard.
A companhia estima que seus investimentos, que totalizam mais de R$ 33 bilhões no refino e na indústria petroquímica no Rio de Janeiro até 2029, irão gerar cerca de 38 mil empregos diretos e indiretos, além de atividades de manutenção que podem criar mais de 100 mil postos de trabalho.
Apesar de o foco dos investimentos ser o Estado do Rio de Janeiro, a dificuldade de contratar profissionais qualificados é percebida também em outros estados.
Pleno emprego e atração de profissionais do setor de aplicações
O termo ‘pleno emprego’, utilizado por Chambriard, indica uma condição em que todos os dispostos e aptos a trabalhar encontram ocupação. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de desemprego ficou em 6,2% no trimestre encerrado em maio de 2025, o menor patamar desde o início da série em 2012, e muito próximo do recorde de 6,1%, obtido em novembro de 2024. Além disso, o número de desalentados — pessoas que desistiram de buscar emprego — atingiu seu menor nível desde 2016.
A diretora-executiva de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, comentou que a dificuldade de contratar profissionais qualificados é um sinal positivo de que a economia brasileira está em plena expansão. “É uma dificuldade boa, porque mostra que a gente está em pleno emprego no Brasil”, afirmou. Ela acrescentou que a Petrobras espera conseguir reter e atrair de volta profissionais que migraram para atividades informais, como motoristas de plataformas de aplicativos, especialmente os que possuem qualificação tecnológica e na área de construção.
Baruzzi revelou que a companhia busca trazer de volta profissionais qualificados que tiveram que buscar alternativas de emprego devido à falta de oportunidades na área industrial, e destacou que uma das políticas da Petrobras é que as contratações terceirizadas incluam plano de saúde, uma vantagem do emprego formal.
Iniciativas de capacitação e inclusão social
Entre as ações para preencher as vagas ociosas, a Petrobras utiliza o Programa Autonomia e Renda, que capacita beneficiários do Bolsa Família. Uma parceria importante é com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). “A nossa ideia é que retire esse pessoal do Bolsa Família para que possa trabalhar não só nas nossas obras, mas também nas paradas de manutenção nas refinarias”, explicou a diretora.
Salários atraentes e mão de obra qualificada
O diretor-executivo de Processos Industriais e Produtos, William França, comentou que o pacote de investimentos tende a gerar uma demanda intensa por mão de obra especializada, com salários que variam de R$ 6 mil a mais de R$ 30 mil dependendo da função. “Para um bom inspetor de solda, o salário gira em torno de R$ 10 mil. Já um planejador, que domina softwares específicos, pode ganhar acima de R$ 25 mil”, detalhou França.
Ele reforçou que os salários oferecem boas condições de mercado para profissionais qualificados na área industrial.
A iniciativa da Petrobras busca fortalecer seu quadro de profissionais, expandindo suas operações e garantindo mão de obra qualificada diante do cenário de pleno emprego no Brasil.
Fonte: Agência Brasil