A saúde mental tem ganhado destaque em diversas áreas, e no mundo do tênis, a situação não é diferente. Recentemente, o tenista alemão Alexander Zverev, que ocupa a terceira posição no ranking mundial, trouxe à tona a questão da saúde mental após sua eliminação na primeira rodada de Wimbledon. Em um desabafo sincero, o jogador revelou seus sentimentos de solidão e a dificuldade de encontrar felicidade fora das quadras, o que reacendeu o debate sobre a saúde mental entre atletas.
O desabafo de Zverev
Após sair do torneio, Zverev fez uma declaração poderosa: “No geral, me sinto bastante sozinho na vida agora, o que não é uma sensação muito agradável. Nunca senti esse vazio antes. Também me falta felicidade fora do tênis”. Essa abertura do tenista alemão coloca em evidência a pressão que os atletas enfrentam, muitas vezes levando a questões de saúde mental que podem ser profundamente impactantes.
Quatro anos após a ex-número 1 do mundo, Naomi Osaka, ter revelado suas batalhas com a depressão ao se retirar de Roland Garros em 2021, o esporte parece ainda lutando para criar um ambiente de apoio. Em relação aos comentários de Zverev, Osaka questionou se deveria ser a pessoa a dar conselhos, indicando uma hesitação comum entre atletas em discutir suas lutas internas.
A visão de Naomi Osaka e outros jogadores
“A vida é séria e ao mesmo tempo não”, declarou Osaka, que também não participou do torneio de Queen’s, dizendo que não estava mentalmente preparada após sua eliminação anterior. O compartilhamento de sentimentos e experiências pode ajudar a desmistificar a luta contra a saúde mental, permitindo que outros vejam que não estão sozinhos.
Na sequência de suas declarações, Zverev mencionou que pela primeira vez considerou buscar ajuda profissional. “Até mesmo quando vencia, não me sentia feliz ou motivado para continuar”, afirmou. Isso ressalta a necessidade de suporte emocional dentro do esporte, demonstrando que a vitória – que muitos acreditam ser a chave para a felicidade – muitas vezes não é suficiente.
A importância do apoio psicológico no esporte
A bielorrussa Aryna Sabalenka, número 1 do mundo, apoiou Zverev, encorajando-o a continuar falando abertamente sobre sua saúde mental. Sabalenka afirmou que faz terapia há cinco anos e acredita que é fundamental expor os problemas emocionais: “Acho muito importante ser aberto e falar sobre o que você está passando, porque se você reprimir, isso vai te destruir”, salientou.
Na mesma linha, a tenista Emma Navarro, atualmente a número 10 do ranking da WTA, concordou que é difícil para os jogadores manterem uma perspectiva positiva quando enfrentam derrotas constantes. “Nós temos nós mesmos como nossos próprios críticos, e, no entanto, muitas pessoas por aí são igualmente críticas”, comentou, refletindo sobre a pressão que pesa sobre os atletas.
Os desafios da juventude no mundo do tênis
Navarro também expressou preocupação com a constante atenção que jovens atletas recebem, incluindo críticas nas redes sociais. “Acho muito difícil ser exposta a esse tipo de atenção na adolescência. É um pouco assustador porque você é muito influenciável nessa idade”, afirmou. Essa pressão pode afetar o desenvolvimento psicológico de jovens tenistas, levando a problemas emocionais que podem se estender por toda a carreira.
Madison Keys, número 8 do ranking, destacou que a identidade de muitos jogadores está intimamente ligada ao tênis, tornando complicado para eles lidarem com períodos difíceis. “Desde muito jovens, nossa identidade se torna absorvida pelo fato de sermos tenistas. Isso é ótimo, mas isso pode afetar a forma como você se vê como pessoa”, observou. Para Keys, ter um bom sistema de apoio é fundamental, assim como evitar a pressão negativa que as redes sociais podem exercer.
A conclusão do debate sobre saúde mental no tênis
O desabafo de Zverev e as mensagens de apoio de seus colegas tornam evidente que a saúde mental deve ser uma prioridade no mundo do esporte. Com a crescente pressão sobre os atletas, é essencial que a conversa sobre saúde mental continue, permitindo que mais jogadores se sintam confortáveis para discutir suas lutas e busquem apoio. O tênis, assim como outros esportes, enfrenta um momento crucial em que a conscientização e a empatia são mais necessárias do que nunca.