A Autoridade Francesa de Concorrência e Antifraude (DGCCRF) anunciou nesta quinta-feira (9) a maior punição já aplicada à Shein, sobre práticas comerciais enganosas relacionadas a preços e ao impacto ecológico da empresa. A multa ocorre em meio a um debate crescente no país sobre os efeitos do “ultra-fast fashion” na economia e no meio ambiente.
Investigações revelam práticas comerciais enganosas da Shein na França
Após quase um ano de investigação, a DGCCRF constatou que a Shein aumentou preços de produtos antes de promover reduções aparentes, criando a impressão de boas ofertas para os consumidores. Segundo o órgão, 11% dos descontos oferecidos foram, na verdade, aumentos de preços, enquanto 57% dos casos apresentaram descontos que não se concretizaram, e 19% tiveram redução de valores menos significativa do que a anunciada.
“A empresa utilizou práticas enganosas que prejudicam os consumidores e distorcem o mercado”, afirmou a DGCCRF em comunicado oficial. A investigação também apontou que, em muitos casos, a redução de preços foi uma estratégia para mascarar aumentos anteriores, contribuindo para a percepção de vantagem nas compras.
Reação da Shein e medidas tomadas
Fundada na China em 2015 e forte na França, a Shein responde às críticas por causar poluição, concorrência desleal e condições de trabalho precárias. A empresa declarou à AFP que adotou medidas corretivas “sem demora” após tomar conhecimento da investigação, em março do ano passado, e que aceitou a multa proposta pelo Ministério Público em acordo judicial.
Contexto do setor de moda ultrarrápida na França e além
Além da multa, o debate político no Parlamento francês intensificou-se com propostas para regular o setor de “fast fashion”, visando reduzir o impacto ambiental e melhorar as condições sociais. A pressão pública e as investigações internacionais refletem uma crescente preocupação com os efeitos nocivos dessas empresas no meio ambiente e na economia local.
Perspectivas futuras e impactos
Especialistas afirmam que a multa pode marcar um precedente importante para a fiscalização de práticas comerciais de empresas do setor de moda rápida. Além disso, espera-se que o debate leva à adoção de regulações mais rígidas, reforçando a necessidade de transparência e responsabilidade social na indústria.
A Shein, que se tornou símbolo do lado negativo da moda ultrarrápida, continuará sob vigilância das autoridades francesas, que buscam equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade ambiental.
Fonte: O Globo