Em um desdobramento significativo na gestão da saúde pública de Teresina, Charles da Silveira anunciou sua exoneração pela segunda vez da presidência da Fundação Municipal de Saúde (FMS). Durante uma entrevista à TV Clube na manhã desta quinta-feira (3), ele expôs as razões por trás de sua decisão, enfatizando a necessidade de resolver divergências administrativas. O ex-presidente destacou a transição de uma “anarquia” anterior para uma “burocracia desmedida”, situação que considera insustentável para a eficiência da gestão de saúde.
Divergências administrativas e impasses
Charles da Silveira mencionou três pontos principais que motivaram seu pedido de exoneração ao prefeito Silvio Mendes (União Brasil). A primeira questão é ligada à estrutura burocrática da FMS, que segundo ele tem dificultado a convocação de servidores essenciais para o funcionamento adequado da instituição. Desde janeiro deste ano, quase 50 funcionários se aposentaram, e Charles planejava nomear 161 candidatos aprovados em concurso público, mas essa iniciativa encontrou resistência por parte do prefeito.
“Eu entendo que esses 161 têm o direito de ser nomeados. Fizemos uma filtragem e pedimos a nomeação de 25; nunca recebemos resposta. O prefeito entende que não é para chamar ninguém, e eu que é nossa obrigação suprir as necessidades [da rede de saúde]”, relatou Charles, que se mostra inquieto com a situação.
A gestão das operações da FMS
Outro ponto levantado por Charles foi a interferência nas operações da FMS. Ele mencionou que gerentes de hospitais estavam sendo contatados sem seu conhecimento para adotar procedimentos administrativos, criando um ambiente de desorganização. “Não posso conduzir uma instituição com quase 10 mil funcionários e permitir que essas situações aconteçam em desacordo com meu pensamento. Se há uma voz de comando, tem que ser a do presidente”, enfatizou.
A presença de barreiras burocráticas na estrutura da Prefeitura de Teresina também foi amplamente discutida. Charles destacou que, apesar de existir um importante fundo de R$ 100 milhões destinado a honrar compromissos com hospitais conveniados, os entraves administrativos tornam a execução de serviços públicos mais lenta e menos efetiva. Ele critiqueou a transferência da execução orçamentária de Finanças para Planejamento, considerando esse movimento como equivocadamente burocrático.
Desafios com a remuneração dos servidores
Durante a entrevista, Charles também abordou a questão da remuneração dos servidores do Grupo Funcional Básico da FMS, que reivindicam a aplicação da lei que fixa o salário mínimo em R$ 1.518. Ele atribuiu o atraso ao problema em um sistema que gerencia a folha de pagamento, explicando que um bloqueio de sistema impossibilitou a conferência adequada dos salários em função da antecipação dos pagamentos.
Relação com o prefeito Silvio Mendes
Embora Charles tenha exposto suas discordâncias em relação à gestão do prefeito Silvio Mendes, ele deixou claro que continua a apoiar o prefeito como cidadão e profissional. “Tenho respeito pelo prefeito, é uma pessoa ao lado de quem eu estarei sempre. Mas, como gestor, não posso continuar discordando das formas que a gestão está encaminhando e continuar como presidente”, afirmou, destacando a importância do alinhamento entre a liderança e a administração.
Próximos passos na FMS
Após a exoneração de Charles, o prefeito Silvio Mendes afirmou que “só cabia aceitar” o pedido, ressaltando que já está à procura de um novo presidente para a FMS. Neste momento, a presidência está sendo exercida interinamente pelo diretor de Planejamento, Francisco Pádua. A cidade de Teresina aguarda ansiosamente as novidades sobre a nova liderança e como as questões administrativas levantadas por Charles da Silveira serão endereçadas para garantir um melhor atendimento à população.
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