Brasil, 3 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Brasil pode liderar nova geopolítica com minerais críticos

Com vastas reservas de terras raras e lítio, o Brasil pode assumir protagonismo na cadeia global de transição energética, alerta especialistas

A busca por fontes limpas de energia está redesenhando a geopolítica mundial, com o Brasil emergindo como um potencial grande fornecedor de minerais estratégicos, especialmente terras raras e lítio, essenciais para a tecnologia e a energia renovável. Se o país ampliar sua exploração com cuidados ambientais, pode assumir uma posição de destaque neste novo cenário de poder global.

Minerais críticos e sua importância na transição energética

O Brasil concentra a segunda maior reserva mundial de terras raras, atrás apenas da China, e possui reservas significativas de lítio, utilizados em baterias de carros elétricos. Segundo especialistas, esses minerais têm se tornado recursos estratégicos, elevando o papel do Brasil na geopolítica global.

Desafios e oportunidades na exploração mineral

De acordo com Márcio Couto, superintendente de pesquisa da FGV Energia, o Brasil pode ter uma posição mais relevante na geopolítica, mas precisa equilibrar a exploração de matérias-primas com a preservação ambiental. Atualmente, o país possui estoques de minerais críticos, especialmente em Minas Gerais, e atrai investimentos bilionários, como os que ultrapassam R$ 5 bilhões na região.

Para o lítio, os investimentos até 2030 estimados pelo Ministério de Minas e Energia alcançam R$ 15 bilhões, principalmente na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. No caso do nióbio, o Brasil detém mais de 90% das reservas mundiais, um ativo que potencializa ainda mais o papel do país neste mercado.

Reconfiguração do poder global

Valdir Silveira, diretor do Serviço Geológico do Brasil (SGB), explica que países com grandes reservas de minerais essenciais estão passando a ganhar destaque na política internacional. Isso acontece porque a demanda por esses recursos é motivada pela transição para energias renováveis, veículos elétricos e armazenamento de energia, fenômeno que coloca o Brasil em uma posição estratégica.

Por sua vez, a China domina atualmente aproximadamente 70% da produção mundial de terras raras, o que a coloca em posição de vantagem neste campo. Segundo Silveira, países com reservas relevantes, como o Brasil, precisarão investir em refino e processamento para aumentar sua participação na cadeia produtiva.

O novo cinturão industrial solar e o potencial global

Relatório divulgado pela Mission Possible Partnership (MPP) aponta que Brasil, Índia e Egito compõem o “novo cinturão industrial solar”, aproveitando recursos naturais abundantes para ampliar sua presença na indústria limpa. Este cinturão responde atualmente por mais da metade dos projetos globais de energia solar, enquanto os tradicionais líderes, China, EUA e União Europeia, podem ser ultrapassados em breve.

Dados do relatório mostram que, apesar de a China liderar a indústria, com 70% da produção global de terras raras, o investimento em projetos de energia limpa na África, Ásia e América do Sul tem potencial de crescimento acelerado, diversificando o cenário mundial.

Impactos na economia e desafios futuros

A valorização dessas matérias-primas pode impulsionar a economia brasileira, mas também traz desafios na ampliação da produção. Segundo Manuel Fernandes, da KPMG, o país precisará decidir se continuará exportador de commodities ou investirá em produtos de maior valor agregado, o que exigirá maior investimento em infraestrutura e inovação.

Fernandes destaca ainda que o tempo para construir minas e refinarias tradicionais é de três a cinco anos, o que demanda planejamento de longo prazo. Além disso, o avanço na exploração requer uma política industrial bem estruturada e ações coordenadas entre governo, setor privado e comunidades locais, especialmente para garantir a sustentabilidade ambiental.

Perspectivas para o Brasil e o cenário global

Hoje, a China concentra grande parte da produção de terras raras e minerais críticos, mas o Brasil está em uma posição estratégica para captar parte dessa demanda com o crescimento da transição energética. Segundo Valdir Silveira, o país deverá investir ainda mais na exploração e no processamento desses recursos para alcançar uma participação relevante na cadeia mundial.

Especialistas alertam que o desenvolvimento sustentável e a inovação serão essenciais para que o Brasil possa aproveitar seus recursos de forma responsável e competitiva, consolidando-se como um protagonista na nova ordem geopolítica baseada em energias limpas e minerais estratégicos.

Para mais informações, consulte: Transição energética mudará perfil da mineração

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes