Na COP29, em Baku (Azerbaijão), o principal tema foi a busca por mecanismos de financiamento que envolvam governos e empresas de países desenvolvidos apoiando os investimentos em países pobres e emergentes para a adaptação às mudanças climáticas e a transição para uma economia de baixo carbono. Entretanto, esse tema continuou sendo a maior frustração da conferência, indicando que seguirá na agenda da COP30 em Belém, prevista para o próximo ano.
Meta de financiamento e dificuldades na sua implementação
O texto final da COP29 estabeleceu a meta de mobilizar pelo menos US$ 300 bilhões por ano até 2035 para ações de adaptação e mitigação. Embora tenha representado um avanço em relação aos US$ 100 bilhões prometidos anteriormente, essa cifra ainda fica longe dos US$ 1,3 trilhão que os países em desenvolvimento consideram necessários. Segundo especialistas, citar a meta na declaração evitou um fracasso total na COP29, mas o seu cumprimento permanece como um grande desafio.
Perspectivas para a COP30 e o papel do Brasil
A COP30, em Belém, terá como prioridade avançar nas negociações de financiamento. Em Bonn, na Alemanha, no último dia 19, o Brasil apresentou um roteiro para atingir o objetivo de US$ 1,3 trilhão por ano, denominado o Mapa do Caminho de Baku a Belém. Segundo nota oficial da Presidência brasileira, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, afirmou que o objetivo é produzir um relatório claro e acionável para orientar futuras decisões dos ministros das Finanças.
Iniciativas e estratégias internacionais
O roteiro inclui mudanças na governança de organismos multilaterais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), com vistas a aumentar suas capacidades de financiamento para projetos de adaptação e transição energética. Além disso, propõe a criação de plataformas financeiras que conectem projetos locais a investidores internacionais.
Segundo Flora Bitancourt, líder da World Climate Foundation (WCF) no Brasil, a crise diplomática pode ser combatida com foco nas discussões paralelas à COP30, sobretudo pelo setor privado. “Boa parte dos investimentos para a transição de baixo carbono será feita pelas empresas. Se o setor privado não estiver na mesa, não haveremos de promover uma transformação real”, afirma.
Desafios diplomáticos e o papel do setor privado
Nos encontros em Bonn, países em desenvolvimento liderados pela Bolívia e Índia exigiram que os países ricos aumentem seus aportes financeiros, reforçando a dificuldade de obter consenso nas negociações diplomáticas. O setor privado, responsável por cerca de 80% da economia mundial, se apresenta como elemento crucial para uma mudança efetiva, na opinião de especialistas.
Para ampliar o engajamento, a WCF promoverá, em novembro, a Investment COP em Belém, considerada um hub de atores do mercado financeiro regional e internacional. O evento conta com o apoio da B3, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) e da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCap).
Próximos passos e esperança de avanços
O Brasil pretende consolidar um relatório que demonstre caminhos concretos para ampliar o financiamento à adaptação às mudanças climáticas até a COP30. Além disso, a expectativa é que a conferência reúna condições de avançar nas negociações, mesmo diante de tensões diplomáticas e dificuldades econômicas globais.
Mais informações sobre os debates e estratégias de financiamento podem ser acompanhadas na reportagem da O Globo.