A cerca de um ano das eleições de 2026, os pré-candidatos ao governo do Rio de Janeiro já se movimentam para conquistar o apoio do eleitorado evangélico, que representa aproximadamente 32% da população do estado, segundo dados do último Censo. Este percentual é maior que a média nacional, que é de 26,9%. O atual governador Cláudio Castro (PL), que pretende concorrer ao Senado, e o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), escolhido para disputar o Palácio Guanabara, planejam aumentar sua presença em cultos e eventos com pastores. Essa estratégia remete à tática que já foi utilizada nas últimas eleições.
A busca por alianças estratégicas
Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar, que buscam renovar suas conexões com o eleitorado evangélico, estão cientes da concorrência representada por Eduardo Paes (PSD), o atual prefeito do Rio e provável candidato ao governo estadual. Paes tem se aproximado de líderes de igrejas populares, como o bispo Abner Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, quien já suportou Castro em sua campanha em 2022. Essa movimentação de Paes busca desestabilizar a adesão de líderes religiosos a candidatos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em uma ação recente, Paes visitou uma Assembleia de Deus no Rio Comprido, onde o vereador Inaldo Silva (Republicanos), também bispo da Universal, o declarou como “pré-candidato a governador”. Este apoio reforça a imagem de Paes junto a uma parte significativa do eleitorado evangélico.
Iniciativas voltadas ao público evangélico
Eduardo Paes também anunciou a construção de um parque temático bíblico na Zona Oeste do Rio, chamada Parque Terra Prometida. O projeto incluirá representações de histórias bíblicas significativas para a comunidade evangélica, como o Caminho do Monte Sinai, onde Moisés recebeu os Dez Mandamentos, e uma homenagem à abertura do Mar Vermelho.
Desde sua eleição em 2024, Paes tem se distanciado de seus concorrentes ao estabelecer parcerias com líderes de diversas denominações evangélicas. O secretário de Cidadania, pastor Otoni de Paula Filho, e o vereador Deangeles Percy (PSD), ligado à Universal, são exemplos de como o prefeito tem se esforçado para ampliar sua base de apoio dentro deste eleitorado.
A concorrência aumenta
Apesar das manobras de Paes, aliados de Castro e Bacellar reconhecem que a estratégia do prefeito pode dificultar a construção de alianças com pastores em favor do candidato do governo. Em 2022, Castro participou de eventos junto ao bispo Abner Ferreira, que levaram a uma peregrinação por várias cidades do estado. Com a aproximação de Paes com Ferreira, os apoiadores de Castro e Bacellar estão articulando um evento com outras lideranças, concentrando-se especialmente na Zona Oeste.
O pastor Josué Valandro, da Igreja Batista Atitude, que teve laços com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, se tornou um importante interlocutor para o grupo de Castro e Bacellar. No entanto, Valandro também é cortejado por Paes, o que torna a disputa ainda mais acirrada.
Desafios para a aliança evangélica
A competição por apoio evangélico não se limita a Paes. Bacellar também enfrenta desafios com o secretário estadual de Transportes, Washington Reis, que busca uma candidatura ao governo e mantém boas relações com pastores vinculados ao bolsonarismo, como Silas Malafaia, que expressou apoio a Reis durante a Marcha para Jesus.
Com tantos candidatos com agenda religiosa, a disputa pelo apoio do eleitorado evangélico no Rio de Janeiro promete ser acirrada e decisiva nas eleições de 2026. Tanto Castro quanto Bacellar precisam integrar novas estratégias para se manterem relevantes neste cenário, onde as relações com líderes religiosos são fundamentais para conquistar essa parcela significativa da população.
Em suma, à medida que as eleições se aproximam, os laços entre política e religião no Rio de Janeiro se tornam cada vez mais evidentes, e o eleitorado evangélico se mostra como um grupo decisivo na corrida pelo Palácio Guanabara.