No coração do Cariri, a cidade de Barbalha está se destacando por suas iniciativas voltadas aos entusiastas das manobras de motocicleta, conhecidos como grauzeiros. Esta prática, que por muito tempo foi considerada uma infração gravíssima no trânsito, agora é reconhecida como uma atividade esportiva em locais específicos. A regulamentação dessa atividade não apenas formaliza o espaço para os praticantes, mas também busca promover segurança nas manobras, reduzindo os riscos associados à prática em vias públicas.
A regulamentação em Barbalha
A Prefeitura de Barbalha, que há um ano regulamentou a prática do grau, criou um espaço no sítio Lagoa, a cerca de 8 quilômetros do centro da cidade, onde os grauzeiros podem se reunir sem medo de serem penalizados. Luís Fernando Ferreira, entregador e frequentador assíduo do local, destaca a importância do espaço: “É melhor do que empinar na rua. Venho do Crato porque lá não tem”, disse, sublinhando a necessidade de tais locais seguros para a prática.
A regulamentação foi fruto de uma discussão mais ampla que envolve não apenas Barbalha, mas também municípios vizinhos como Missão Velha, Brejo Santo e Juazeiro do Norte. José Elias Coelho, um servente de pedreiro e frequentador do espaço, expressa sua gratidão: “É a realização de um sonho. Antes, a gente era perseguido pela polícia.” Essas localidades agora veem um crescimento no número de praticantes, que se encontram para compartilhar a paixão pelo motociclismo e as manobras.
Os riscos e a segurança no grau
Apesar de ser uma atividade recreativa e considerada por muitos como um esporte, a prática do grau envolve elevados riscos. O Código de Trânsito Brasileiro já considera uma infração gravíssima a demonstração de perícia em manobras em veículos, o que pode resultar em multas e até suspensão do direito de dirigir. Entretanto, a demanda por liberdade de prática fez com que os grauzeiros buscassem espaços controlados e regulamentados.
Gabriel Magalhães, conhecido como Grau Biell, é um influenciador digital que se destaca nas redes sociais por suas manobras, frequentemente com sua esposa na garupa. Ele argumenta que a prática do grau, quando realizada em locais seguros e com o equipamento apropriado, pode ser uma atividade divertida. “É uma modalidade de esporte que requer equilíbrio e muito treino. O risco diminui significativamente quando usamos o equipamento adequado,” afirma.
Educando para a segurança
Edilson Marques, educador de trânsito, enfatiza a importância da segurança para os grauzeiros. Ele alertou sobre os riscos da prática e a necessidade de um vestuário adequado, incluindo capacetes, jaquetas de couro e calçados apropriados. “Usar os itens de segurança é fundamental para evitar acidentes. Mesmo em ambientes controlados, a cautela nunca é demais,” recomenda.
Propostas para o futuro
A busca por espaços regulamentados não se limita a Barbalha. Em Juazeiro do Norte, a proposta para a criação de um local específico para a prática já foi apresentada na Câmara Municipal e agora depende da sanção do prefeito Glêdson Bezerra. José Lucas Alves Ferreira, vereador do PSDB, acredita que a regulamentação pode ser uma solução viável: “Esse projeto organiza um espaço onde os grauzeiros podem se reunir, permitindo que eles deixem as ruas e, ao mesmo tempo, promovendo uma prática mais segura,” declarou.
Com a regulamentação em Barbalha e as propostas de Juazeiro do Norte, espera-se um avanço na segurança dos praticantes e uma melhoria na convivência urbana, onde a paixão dos grauzeiros pode ser exercida com responsabilidade e respeito ao trânsito e aos demais cidadãos.
Em um cenário onde a prática do grau pode ser vista como uma forma de expressão da cultura motociclística da região, a aceitação e regulamentação dessa atividade podem marcar um novo capítulo na história do motociclismo no Cariri. E, com isso, espera-se também uma diminuição no número de acidentes, incentivando um futuro mais seguro para todos os motociclistas.
