Brasil, 3 de julho de 2025
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Ailton Krenak critica desprestígio dos povos originários no governo Lula

Ailton Krenak expressa preocupação com a situação ambiental e a atuação do governo em relação aos povos indígenas.

O renomado ambientalista e líder indígena Ailton Krenak, uma das vozes mais relevantes dos povos originários no Brasil, fez duras críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva em uma recente entrevista ao jornal O GLOBO. Krenak, poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras, denunciou o que classifica como um “desprestígio” da pasta dos Povos Originários, e expressou sua decepção com o cenário atual da política ambiental no país.

A crítica ao governo Lula e ao Congresso

Na entrevista, Krenak afirmou que “a ministra Sonia Guajajara recebeu uma pasta sem orçamento ou poder dentro do governo”. Essa declaração reflete a visão do líder indígena sobre a falta de recursos e apoio político para a efetivação de políticas voltadas aos povos originários. Ele chegou a dizer: “Se me dessem um ministério sem orçamento, eu iria agradecer, mas não tomaria posse”.

Além de criticar a atuação da ministra, Krenak levantou preocupações sobre as pautas do Congresso que envolvem a exploração de recursos naturais, como petróleo na Foz do Amazonas. “Se o melhorzinho dos parlamentares quer tomar petróleo no café da manhã, imagina o pior”, ironizou ele, ressaltando a pressão sobre o governo e os desafios que Lula enfrenta para manter a governabilidade diante de um Congresso que, segundo ele, é dominado por “criminosos”.

Falta de mobilização da sociedade

Um ponto crucial levantado por Krenak é a apatia da sociedade em relação às questões ambientais. Ele critica a falta de mobilização popular e afirma: “As pessoas ficam com o celular na mão, achando que fazer postagens nas redes sociais vai mudar a opinião dos presidentes das Casas”. Essa visão reflete a necessidade de um engajamento mais significativo da sociedade civil na defesa e proteção do meio ambiente.

Expectativas para a COP30

O líder indígena também se mostrou cético em relação à COP30, a próxima conferência climática que acontecerá em Belém no fim deste ano. Ele acredita que o evento se tornará “um balcão de negócios de corporações”, sem espaço efetivo para a participação de povos originários. “Aquele circo não é para iniciantes”, afirmou, demonstrando receio quanto à representatividade dos setores mais vulneráveis durante o evento.

Krenak expressou desconfiança sobre a capacidade da conferência de trazer mudanças reais, alegando que se transformou em um espaço onde os interesses financeiros superam a urgência das questões ambientais. Ele ressaltou que “as conferências do clima perderam a função de trabalhar globalmente para promover as mudanças necessárias” e que “virou um novo mercado”.

Preocupações com a Amazônia e crimes ambientais

Durante a conversa, o ativista também abordou a situação alarmante da Amazônia, afirmando que a condição atual do bioma já não consegue mais sustentar a vida como antes. Segundo Krenak, “se continuarmos estragando a Amazônia, vamos piorar muito a nossa sobrevivência no planeta”. Além disso, ele enfatizou a aumentada incidência de violência contra o meio ambiente, alertando para o desrespeito às normas ambientais, que se multiplicaram desordenadamente.

Conforme Krenak observa, a classe política na Amazônia frequentemente toma decisões que favorecem a exploração do meio ambiente para seu benefício próprio. Ele disse que “temos uma classe política que busca tirar proveito do meio ambiente, com a destruição como consequência”. Essa afirmação aponta para um ciclo vicioso que ameaça a integridade do ecossistema amazônico.

Perspectivas e mobilização futura

O líder indígena também questiona como envolver a sociedade na causa ambiental. Para ele, a expressão “desenvolvimento sustentável” é muitas vezes um eufemismo que esconde a ganância das empresas. Ele propõe o uso da expressão “envolvimento socioambiental”, que abarca tanto a preocupação humana quanto a ambiental, em contraposição ao desenvolvimento convencional. “Chamar a exploração de petróleo de sustentável é uma desculpa para não confrontar o problema real”, concluiu.

À medida que a COP30 se aproxima, Krenak destaca a urgência de ações efetivas. A atuação do movimento indígena e a mobilização social se tornam fundamentais para garantir que as vozes e os direitos dos povos originários sejam ouvidos e respeitados, não apenas por ocasião das conferências, mas como parte de um compromisso contínuo com a proteção dos recursos naturais e a preservação da biodiversidade. Apesar de suas críticas, Ailton Krenak permanece um símbolo de resistência e esperança para muitos que lutam pela justiça ambiental no Brasil.

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