O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia, nesta quinta-feira (3/7), sua gestão à frente do Mercosul, um bloco econômico que congrega países da América do Sul. A expectativa do governo brasileiro é que, durante sua presidência, sejam concluídos acordos comerciais significativos, com destaque para as negociações com a União Europeia.
Chegada a Buenos Aires e a Cúpula de Presidentes do Mercosul
Lula chegou a Buenos Aires, capital da Argentina, na última quarta-feira (2/7), para participar da Cúpula de Presidentes do Mercosul. Atualmente, o bloco é presidido pela Argentina, que tem como líder Javier Milei, um crítico notório de Lula e de suas políticas. A proximidade da Cúpula marca um momento crucial, já que o futuro econômico da região pode ser moldado pelos acordos e decisões a serem tomadas.
Mercosul: O que é e quais são seus objetivos?
O Mercosul foi criado com o intuito de fortalecer a integração econômica e política entre seus membros. Composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o bloco se propõe a estimular o livre comércio de bens e serviços. A Bolívia já formalizou a adesão, mas está em processo de integração, o que pode levar até quatro anos.
Além dos membros plenos, o Mercosul também conta com países associados, como Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Peru e Suriname. A nova presidência brasileira pretende intensificar, especificamente, o comércio nos setores automotivo e açucareiro, setores emblemáticos do Brasil.
Avanços durante a presidência argentina e expectativas para Lula
Durante a presidência da Argentina, importantes acordos foram finalizados, incluindo o fim das negociações entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que abrange Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. A estimativa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil é de que este acordo impacte em R$ 2,57 bilhões as importações totais e em R$ 3,34 bilhões as exportações brasileiras, representando um incremento geral de cerca de R$ 770 milhões para o Brasil.
Com a nova presidência, Lula almeja concluir as tratativas com a União Europeia, com o objetivo de ratificar o acordo até dezembro de 2025. Esta ação é vista como uma das alavancas para reposicionar o Brasil no comércio internacional.
Negociações com a União Europeia e outros acordos em vista
As negociações relacionadas aos tratados entre o Mercosul e a União Europeia já foram finalizadas, e agora a expectativa recai sobre a aprovação do Parlamento Europeu e das casas legislativas dos países envolvidos. Após essa fase, o texto poderá ser ratificado e implementado. Lula acredita que a aprovação deve ocorrer até outubro, permitindo que a assinatura do acordo aconteça até dezembro de 2025, justo quando o Brasil encerrará sua presidência do bloco.
Além disso, existe uma discussão inicial de um acordo com os Emirados Árabes Unidos, que o governo brasileiro espera finalizar também até dezembro. Recentemente, o Mercosul celebrou um acordo de livre-comércio com Singapura, o que marca um avanço significativo nas relações comerciais do bloco.
Dificuldades nas negociações com a União Europeia
Entretanto, não foram poucas as dificuldades enfrentadas para chegar a esse acordo com a União Europeia, especialmente no que diz respeito a questões ambientais, com resistência de países como França, Irlanda e Espanha. Estudo realizado na França indicou que a aprovação do acordo poderia afetar negativamente a agropecuária local, o que intensificou as conversas sobre a necessidade de uma resolução equilibrada.
As negociações que circulam em torno deste tratado já se arrastam por mais de duas décadas. Embora tenha havido um avanço durante o governo de Michel Temer (MDB), a gestão de Jair Bolsonaro (PL) acabou paralisando os trâmites em função de desavenças com líderes europeus.
Com a nova presidência, Lula parece determinado a colocar o Brasil em uma posição de destaque no cenário internacional, buscando não apenas cumprir promessas de campanha, mas também proporcionar um futuro econômico mais integrado e sólido para a América do Sul.
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