Na manhã desta sexta-feira (23), um júri de Manhattan declarou Sean “Diddy” Combs culpado de dois crimes de transporte para fins de prostituição em um julgamento federal. No entanto, o renomado empresário e produtor musical foi absolvido das acusações mais graves de conspiração para tráfico de pessoas com uso de força, fraude ou coerção. A decisão ocorre após semanas de depoimentos e investigação, envolvendo ex-parceiras, testemunhas e autoridades federais.
Decisão do júri e próximas consequências
Combs foi condenado por mover suas ex-parceiras, Casandra “Cassie” Ventura e uma mulher anônima conhecida como Jane, durante anos, usando aviões para transportar suas parceiras e profissionais do sexo para encontros sob coerção, infringindo a Lei Mann, que regula o tráfico de pessoas. O artista enfrenta pena máxima de 20 anos de prisão, mas ainda não teve sua sentença definitiva estabelecida.
O contexto do caso e os depoimentos
O julgamento revelou uma trama complexa, com 34 testemunhas, incluindo ex-funcionários, agentes e as próprias vítimas. Segundo relatos, Ventura e Jane relataram ter sido coagidas a participar de sessões sexuais com acompanhantes masculinos, sob uso de drogas como ecstasy e MDMA. Ventura ainda afirmou que essas cenas eram gravadas e que as vítimas estavam em um estado de vulnerabilidade constante.
Regina Ventura, mãe de Cassie, contou que o empresário ameaçou divulgar vídeos íntimos após ela descobrir que sua filha estaria se relacionando com alguém novo, em uma denúncia que gerou uma ação civil de R$ 20 milhões, resolvida rapidamente em novembro de 2023.
Testemunhos impactantes e evidências de violência
A outra ex-parceira, Jane, descreveu episódios de abuso físico e psicológico, alegando que Combs ignorava sinais de que ela queria parar as atividades sexuais. Ela relatou que tentava sinalizar sua vontade de interromper e foi abusada durante encontros considerados “sombrios” e “sujos”.
Additional witnesses included Daniel Phillip, que afirmou ter sido pago por encontros sexuais com Combs, e Israel Florez, segurança do hotel onde ocorreu uma agressão gravada por câmeras de vigilância em Los Angeles, em 2016.
Participação de celebridades e reações ao julgamento
Durante o julgamento, artistas como Dawn Richard, ex-integrante do grupo Dirty Money, testemunhou que Combs tentou atacar Ventura com uma frigideira na sua casa em Los Angeles; já o rapper Kid Cudi relatou retaliações após seu relacionamento com Ventura se tornar conhecido. Os depoimentos reforçam o alcance de denúncias de violência envolvendo o empresário.
Os advogados de Combs admitiram que ele possuía um histórico de conduta violenta, mas afirmaram que isso não justificava as acusações de tráfico sexual. O produtor ainda responde a processos civis relacionados a assédio sexual e abuso.
Repercussões e futuro
O veredito revela um momento decisivo na luta contra o abuso de poder na indústria do entretenimento. Cassie Ventura, que testemunhou na acusação, destacou a coragem de denunciar as ações de Combs e ressaltou a importância de lutar por justiça e mudanças. A sentença final de Combs deve ser definida nos próximos meses, considerando as possibilidades de apelações e recursos legais.
Para especialistas, o caso traz à tona a necessidade de maior fiscalização e responsabilização de figuras públicas por crimes de abuso e tráfico sexual, além de abrir caminho para o fortalecimento de denúncias por vítimas de machismo e violência estrutural.
Esta matéria foi originalmente publicada pelo HuffPost e atualizada com correções sobre as penas máximas possíveis para Sean Combs.