Recentemente, duas crianças, uma de 2 anos e outra de 7, foram resgatadas em condições alarmantes de abandono e hipotermia no Centro Histórico de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O incidente ocorreu na última sexta-feira (30/6), um dia marcado por temperaturas que variaram entre 4 e 11ºC, consideradas uma das mais frias do ano na capital gaúcha. O caso ressoou com força na comunidade local e gerou preocupações sobre a saúde e segurança infantil em situações de vulnerabilidade social.
Crianças encontram-se em situação crítica
De acordo com informações da Guarda Municipal (GM), os agentes foram acionados por transeuntes que notaram a gravidade da situação das crianças. Ambas estavam em uma calçada e vestiam roupas inadequadas para o frio intenso. A criança mais nova, de apenas 2 anos, foi encontrada caída no chão, apresentando sinais de hipotermia, como pele roxa e tremores. Outro testemunho relatou que ela estava com muco no rosto e queimaduras de frio nas mãos e no rosto. A outra criança, que também apresentava sinais de hipotermia, estava encolhida em um canto.
“As crianças foram encontradas sem as vestimentas adequadas para enfrentar as baixas temperaturas. A situação era crítica e exigia ação imediata”, informou a GM.
Encaminhamento e acolhimento
Após o resgate, as crianças foram levadas para a Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS), onde um boletim de ocorrência foi registrado. O Conselho Tutelar foi acionado e ambas as crianças foram encaminhadas a um abrigo seguro, onde podem receber os cuidados necessários. O Rio Grande do Sul enfrenta sua quarta onda de frio em 2025, com temperaturas cerca de 5ºC abaixo do normal para essa época do ano, aumentando a urgência de ações protetivas a crianças em situação de risco.
Investigação em andamento
Conforme relatado ao Metrópoles, a PCRS instaurou um inquérito para investigar as circunstâncias que levaram ao abandono das crianças. O diretor da Deca, o delegado Raul Vier, confirmou que ambas as crianças são irmãs e que a mulher que estava acompanhando as crianças, inicialmente apresentada como adolescente, é na verdade uma adulta. Na manhã de terça-feira (2/07), equipes policiais visitaram o abrigo onde as crianças foram acolhidas e também uma reserva indígena Guarani, em busca de informações adicionais e dos responsáveis legais.
Os responsáveis pelas crianças foram identificados e, conforme o delegado, serão formalmente intimados a prestar esclarecimentos sobre o ocorrido. As diligências continuam em busca de entender melhor as circunstâncias do abandono e garantir que as crianças recebam a proteção necessária.
Reflexões sobre a vulnerabilidade infantil
O caso das crianças resgatadas em Porto Alegre traz à tona uma questão urgente sobre a vulnerabilidade da infância em situações de crise social e climática. Com o aumento das baixas temperaturas e as dificuldades que muitas famílias enfrentam, é fundamental que a sociedade se mobilize para prevenir situações como essa e garantir proteção às crianças mais necessitadas. Organizações não governamentais e a própria comunidade têm um papel vital em identificar e ajudar crianças em risco, garantindo que não enfrentem sozinhas a crueldade do abandono.
O resgate das crianças é um chamado à ação para todos nós. E ao mesmo tempo, revela a importância de políticas públicas eficazes que assegurem não só a segurança, mas também o bem-estar das crianças em todo o Brasil. As autoridades competentes devem atuar imediatamente para prevenir novos casos de abandono, garantindo que os direitos das crianças sejam respeitados e protegidos.
O caso dos pequenos em Porto Alegre é mais um lembrete da realidade dura enfrentada por muitas crianças em nosso país. Nos resta, como sociedade, refletir, agir e buscar soluções para que situações como essa não se repitam.