Brasil, 4 de julho de 2025
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Especialistas alertam sobre proposta de RFK Jr. de colocar dispositivos de saúde em todos os americanos

Após declarações de RFK Jr. sobre uso de dispositivos vestíveis, especialistas alertam para riscos de privacidade e segurança dos dados de saúde.

Durante uma audiência na subcomissão de Saúde da Câmara, Robert F. Kennedy Jr. sugeriu que todos os americanos usem dispositivos de monitoramento de saúde, como smartwatches e anéis inteligentes, para que assumam responsabilidade por sua saúde. A iniciativa, ainda que não seja obrigatória, tem gerado preocupação entre especialistas em segurança.

Proposta de RFK Jr. e campanha do governo

Kennedy afirmou que os dispositivos vestíveis podem ajudar as pessoas a monitorar níveis de glicose, frequência cardíaca, entre outros indicadores, para melhorar sua alimentação, atividade física e estilo de vida. Segundo ele, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) planeja lançar uma campanha para incentivar o uso dessas tecnologias.

Embora a iniciativa ainda esteja na fase de sugestão, ela levanta questões sobre privacidade, já que esses dispositivos coletam uma quantidade significativa de dados pessoais — como ritmo cardíaco, ciclo menstrual, padrões de sono, localização e informações biométricas.

Riscos à privacidade e segurança

Dados sensíveis e vulnerabilidades

Especialistas alertam que o maior problema não é o governo solicitar o uso dos dispositivos, mas o fato de esses aparelhos acumularem informações altamente sensíveis. Segundo Alex Hamerstone, diretor de soluções de segurança da TrustedSec, o uso de wearables pode gerar riscos de vazamentos e acessos indevidos.

“Os dispositivos armazenam dados que, uma vez expostos, podem afetar áreas como seguros, emprego e até vida pessoal,” diz Hamerstone. Além disso, ele destaca que o governo já possui acesso a grandes volumes de informações de saúde via programas como Medicare e Medicaid, mesmo sem a obrigatoriedade de novos dispositivos.

Histórico de vulnerabilidades

Kevin Johnson, CEO da Secure Ideas, alerta para os riscos de brechas de segurança, tendo em vista incidentes como o vazamento de localizações de soldados por meio do aplicativo Strava em 2018. Johnson aponta que vulnerabilidades conhecidas em hardware e software podem permitir o acesso a dados de saúde por hackers.

“Algumas falhas permitem que atacantes tenham acesso a informações que vão além da saúde, incluindo localização e contatos,” explica Johnson. “Os dispositivos não são protegidos pelo HIPAA, legislação que resguarda registros médicos, e isso amplia o risco de uso não autorizado.”

Privacidade, controle e implicações futuras

Controle limitado que o usuário tem

De acordo com Dave Chronister, CEO da Parameter Security, a maioria das dispositivos oferece opções de privacidade, mas o controle é limitado, sobretudo porque as empresas podem alterar suas políticas sem aviso prévio. “O maior risco é a forma como os dados são armazenados, compartilhados ou vendidos,” alerta Chronister.

Ele explica que, uma vez compartilhados, esses dados podem ser utilizados para gerar perfis extremamente detalhados da saúde e comportamento de um indivíduo — muitas vezes de forma indefinida, com o risco de influenciar propostas de seguros ou decisões financeiras.

Impacto na proteção legal

Outro ponto que preocupa é que os dados coletados por wearables não têm a mesma proteção legal que os registros de saúde tradicionais, como os sob a lei HIPAA. Segundo Chronister, isso dá margem para que empresas e governos compartilhem ou vendam as informações, muitas vezes sem total transparência.

O que fazer para proteger seus dados

Embora existam controles de privacidade nos dispositivos, especialistas recomendam que os usuários revisem periodicamente suas configurações e evitem conexões desnecessárias, como Bluetooth e Wi-Fi abertos. No entanto, eles alertam que essas medidas são limitadas e não eliminam completamente os riscos.

“A maior proteção é entender as implicações de compartilhar seus dados de saúde,” ressalta Chronister. Ele aconselha que os consumidores elevem a cautela ao fornecer informações sensíveis, especialmente porque esses dados podem ser combinados com outros perfis e usados para previsões sobre saúde futura, seguros ou créditos.

Perspectivas e cuidados futuros

Especialistas reforçam que, mesmo sem a participação direta do governo na coleta de dados, o risco de vazamentos, uso indevido e brechas de segurança é elevado. A recomendação é que os usuários ponderem os benefícios e os riscos antes de adotarem tecnologias vestíveis e sempre busquem manter uma postura vigilante quanto à privacidade.

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