Brasil, 4 de julho de 2025
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Pescadores encontram tubarão-anjo raro no litoral cearense

Avistamento do tubarão-anjo no Ceará é um feito inédito, surpreendendo pescadores locais e cientistas especializados.

No último domingo (29), um grupo de pescadores de Fortaleza fez uma descoberta extraordinária: um exemplar de tubarão-anjo, também conhecido como cação-anjo, nas águas do litoral cearense. Esse avistamento é considerado raro e significativo, uma vez que o primeiro registro de um animal dessa espécie no Ceará ocorreu apenas em 2024.

O avistamento inusitado

Segundo o pescador José Cláudio, que possui mais de 30 anos de experiência em pesca, ele e sua equipe estavam a cerca de 64 quilômetros da costa de Fortaleza, quando o tubarão-anjo ficou preso pela nadadeira a um anzol. José Cláudio relata que nunca havia visto um tubarão-anjo antes, surpreendendo até os mais experientes da equipe. “Por incrível que pareça, arriei uma linha, fui puxar e vi essa espécie que nós nunca tínhamos visto”, afirmou.

Após a captura acidental, o tubarão-anjo foi solto no mar rapidamente, sem prejuízo ao animal. José Cláudio fez questão de registrar o momento em foto e vídeo, para mostrar posteriormente ao pesquisadores. A ação do pescador reflete não apenas um compromisso com a preservação das espécies marinhas, mas também uma preocupação com a biodiversidade local.

Características do tubarão-anjo

O tubarão-anjo é um membro do gênero Squatina, que possui aproximadamente 24 espécies conhecidas ao redor do mundo. No Brasil, há registro de pelo menos quatro delas: Squatina varii, Squatina argentina, Squatina oculta e Squatina guggenheim. Esses tubarões se diferenciam por seu formato achatado, que lembra as raias, e seu comportamento de ficar parado no fundo do mar, camuflados para captura de presas que passam nas proximidades.

O professor Vicente Faria, especialista em tubarões e raias da Universidade Federal do Ceará (UFC), confirmou que se trata de um tubarão-anjo, embora não tenha sido possível determinar a espécie específica apenas pelas imagens. “Normalmente, eles já são difíceis de identificar. Já confundiram muitos cientistas no passado”, explica o professor, que frisa que essas espécies são em sua maioria ameaçadas.

Novos registros e mudanças nas rotas de pesca

De acordo com Vicente Faria, a descoberta do tubarão-anjo no Ceará é particularmente relevante, pois o primeiro registro desse animal em águas cearenses foi feito apenas no ano passado. “Nunca foi descrito no Ceará, ninguém nunca descreveu a ocorrência dessa espécie no Ceará. A gente só descobriu a partir do exemplar do ano passado”, afirmou o biólogo.

O tubarão-anjo encontrado em 2024 também foi trazido por pescadores ao porto do Mucuripe, em Fortaleza, e posteriormente foi entregue aos pesquisadores da UFC, que analisam o espécime para estudar sua morfologia. Para Faria, a recente aparição de tubarões-anjo na região pode estar ligada a mudanças nas rotas de pesca, pois novos locais estão sendo explorados pelos profissionais, o que possibilita o avistamento de novas espécies. “Quando você vai para ambientes mais fundos, de maior profundidade, tem muito [animal] para descobrir ainda”, pontua.

A importância da preservação

A descoberta do tubarão-anjo pelas mãos de pescadores não é apenas uma curiosidade, mas também uma oportunidade de reflexão sobre a importância da preservação das espécies marinhas. A interação entre os pescadores e os pesquisadores pode desencadear um novo caminho para a conservação, promovendo a conscientização sobre a necessidade de manter a biodiversidade do nosso litoral.

Como as práticas de pesca se adaptam às novas descobertas e o reconhecimento da importância dos tubarões e de outros animais em nosso ecossistema marinho são passos fundamentais para protocolos de proteção e manejo sustentável. A mistura de prática e ciência é um exemplo notável de que juntos, comunidades e academia podem contribuir para uma melhor compreensão e proteção da riqueza marinha do Brasil.

O avistamento do tubarão-anjo deve estimular não apenas a curiosidade científica, mas também a solidariedade em torno da conservação do meio ambiente. Ao respeitar e proteger essas criaturas, estamos garantindo que futuras gerações possam também se maravilhar com a diversidade que nossos mares têm a oferecer.

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