Após a classificação do Al Hilal sobre o Manchester City em Orlando, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, declarou: “A nova era do futebol de clubes realmente começou”. Essa afirmação ilustra a intenção da Arábia Saudita de se posicionar no cenário futebolístico mundial, com um projeto ambicioso que visa não apenas a realização do Mundial de Clubes mas também a influência geopolítica do país.
A mudança no cenário esportivo
A contratação de estrelas como Cristiano Ronaldo e treinadores renomados, como Simone Inzaghi pelo Al Hilal, indica o investimento significativo da Arábia Saudita no futebol. Contudo, até pouco tempo, o país carecia de um espaço reconhecido para competir com as elites do futebol mundial. A situação começou a mudar com a conquista da sede da Copa do Mundo de 2034, que aumenta a visibilidade do futebol saudita globalmente.
O envolvimento da Arábia Saudita no esporte vai além do puro entretenimento. A estratégia de “sportswashing”, utilizada para modernizar a imagem da nação, também busca reposicionar o país no cenário internacional. O Mundial de Clubes, que agora conta com investimentos robustos, simboliza um esforço para que as equipes sauditas se consolidem na cena esportiva global, tornando-se adversárias à altura de clubes europeus tradicionalmente dominantes.
Investimentos e futuras edições do Mundial
Patrocínios e a busca por popularidade
Através de alianças com gigantes do setor, como a ARAMCO e a DAZN, a Arábia Saudita está viabilizando a transmissão do Mundial de Clubes, ampliando sua popularidade global. Fontes indicam que a intenção é manter esse aporte financeiro para a próxima edição do torneio em 2029 e, subsequentemente, sediar o evento em 2033, pouco antes da Copa do Mundo no país.
Essa estratégia de longo prazo reflete um interesse genuíno da FIFA em colaborar com os países árabes, algo que vem se consolidando ao longo dos anos. Infantino já havia apresentado propostas para aquisições de direitos de transmissão por empresas sauditas durante sua gestão. Porém, essa expansão da influência saudita no futebol não é isenta de críticas, já que envolve questões de direitos humanos e a busca por normalizar a imagem do regime saudita no ocidente.
Controvérsias e críticas sobre a nova era do futebol
O aumento do envolvimento da Arábia Saudita no futebol mundial gerou controvérsias. Ativistas e figuras influentes no mundo do futebol, como o treinador alemão Jürgen Klopp, expressaram suas reservas. Klopp chegou a classificar o torneio como “a pior ideia já implementada no futebol”, destacando preocupações sobre o esgotamento físico e mental dos jogadores em um torneio de alto nível.
Além disso, a FIFA anunciou que cada vitória no Mundial renderá R$ 11 milhões (ou dois milhões de dólares) às equipes participantes, em um acordo que, segundo a Associação de Clubes Europeus (ECA), estabeleceu um novo precedente. Apesar de algumas ligas locais mostrarem resistência, os dirigentes europeus têm se mantido alinhados com as iniciativas da FIFA, evidenciando uma adaptação do futebol global a essa nova realidade.
O futuro do futebol e a visão da FIFA
Durante uma visita a Riad, Infantino fez uma análise reveladora sobre o potencial do futebol fora da Europa. Ele enfatizou que, se países como a Arábia Saudita e os Estados Unidos alcançassem apenas 20% da produção atual do PIB do futebol europeu, o impacto econômico poderia ultrapassar meio trilhão de dólares. Essa visão ressalta a ideia de que a globalização do futebol pode ser redesenhada, abrindo espaço para novas potências emergentes.
A estratégia da Arábia Saudita para ingressar com força no mercado futebolístico global não se limita apenas ao momento atual, mas visa moldar o futuro do esporte, explorando novas oportunidades através do investimento e do engajamento em grandes torneios. Enquanto esse movimento continua, o mundo do futebol está prestes a enfrentar transformações significativas que desafiam as normas estabelecidas e abrem discussão sobre a dinâmica de poder e influência no esporte global.