Brasil, 4 de julho de 2025
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Ex-porta-voz do Afeganistão recomeça vida como refugiado em SP

Após fugir do Talibã, Zohrag Samim e sua família reconstroem suas vidas em Morungaba, SP, com apoio de iniciativas locais.

No interior de São Paulo, uma nova esperança se acende para famílias que fogem de conflitos ao redor do mundo. Em Morungaba, cidade próxima a Campinas, mais de mil refugiados foram acolhidos desde 2022, com a maioria oriunda do Afeganistão. Este número reflete uma crescente demanda por refúgio em regiões pacíficas do Brasil e demonstra o papel vital das iniciativas locais na adaptação e reintegração dessas pessoas na sociedade.

O testemunho de Zohrag Samim

Entre os refugiados está Zohrag Samim, ex-porta-voz das Forças Militares Nacionais do Afeganistão, que vive com sua esposa e quatro filhos na Vila Minha Pátria, um abrigo para refugiados. Samim dedicou oito anos de sua vida a servir seu país, relatando operações militares à imprensa e relatando os impactos do regime do Talibã. “O Talibã tirou a paz da minha terra. Todas as escolas foram fechadas, universidades, trabalho. O povo estava desesperado”, descreve Samim, refletindo a gravidade da situação enfrentada por sua nação.

A necessidade de fuga se tornou urgente após a volta do Talibã ao poder em 2021. “Eu nunca imaginava que um dia fosse ser um refugiado. Eu sempre encorajava as pessoas para não sair da sua terra”, lamenta o jornalista. A jornada de Samim e sua família começou com uma tentativa de fuga para a Turquia, mas foi interrompida pelo frio intenso. Foi então que conseguiram vistos para o Brasil a partir da embaixada em Teerã, no Irã.

Desafios enfrentados durante a fuga

No entanto, a jornada rumo à segurança estava longe de ser simples. Durante a viagem, o ônibus que transportava a família foi abordado por membros do Talibã. A tensão foi palpável quando um agente do regime começou a perguntar se havia policiais entre os passageiros. “Meu coração ficou batendo muito forte. Pensei que eu ‘morri’ primeiro que o meu pai”, revela Sohrab Samim, filho de Zohrag, enfatizando o medo constante que permeou seu caminho para o Brasil.

A vida na Vila Minha Pátria

Atualmente, a família de Samim vive em um lar temporário na Vila Minha Pátria, que é uma iniciativa da Igreja Batista que acolhe refugiados até que se acostumem com a nova realidade. A estrutura oferece não apenas abrigo, mas também apoio emocional e integração social, permitindo que os refugiados comecem a reestruturar suas vidas em um ambiente seguro e acolhedor.

Aumento de pedidos de refúgio

O aumento do número de pedidos de refúgio na região é uma evidência clara das severas restrições enfrentadas por imigrantes em muitas partes do mundo. Dados do Observatório das Migrações Internacionais (ObMigra), vinculado ao Ministério da Justiça, mostram um aumento de 21% nos pedidos de refúgio em Campinas, subindo de 271 em 2023 para 330 em 2024. Para Rosana Baeninger, pesquisadora da Unicamp, esse crescimento está ligado não apenas a barreiras mais rígidas na aceitação de imigrantes em países do norte global, mas também à experiência adquirida durante a imigração haitiana em 2010. “As municipalidades se prepararam e as redes migratórias se autogerem, ajudando os imigrantes a buscarem trabalho e direitos”, explica a pesquisadora.

Apoio à integração dos refugiados

Iniciativas como a Vila Minha Pátria são essenciais, não apenas para fornecer abrigo, mas também para facilitar a integração social e cultural dos refugiados. Através de apoio psicológico, aulas de idiomas e oportunidades de trabalho, os refugiados têm a chance de reconstruir suas vidas longe do terror e da opressão que enfrentaram em seus países de origem.

A história de Zohrag Samim e sua família é apenas uma entre muitas que refletem a luta, a coragem e a esperança de aqueles que buscam um recomeço em terras estrangeiras. A capacidade de acolher e apoiar esses indivíduos se torna um sinal não apenas de solidariedade, mas também de humanidade em um mundo em constante mudança.

Para mais informações sobre a situação dos refugiados no Brasil e como você pode ajudar, siga as atualizações no g1 Campinas e fique atento às iniciativas locais.

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