Quando descobri um sticker de suástica no meu Tesla, minha reação inicial foi de surpresa e frustração. No entanto, ao confrontar o jovem responsável, percebi que ambos compartilhávamos sentimentos de impotência e ansiedade diante de um mundo em crise.
O momento da crise e o efeito nas ações
Era uma manhã ensolarada em Santa Fé, Novo México, quando meu fisioterapeuta alertou que alguém poderia ter riscado meu carro. Ao sair para verificar, encontrei um adolescente com uma postura abatida, tentando remover um adesivo de seu carro que tinha a palavra “Swasticar”.
Ele alegou que não tinha intenção de danificar, apenas colocou o símbolo, talvez como expressão de raiva ou impotência. “Desculpe, vou tirar”, disse ele, ajoelhando-se diante do meu Tesla. O cenário refletia emoções mais profundas do que uma simples atitude de vandalismo.
Empatia e compreensão: uma resposta inesperada
Ao invés de reagir com raiva, optei por um diálogo compassivo. “Entendo que você esteja frustrado. Eu também estou”, disse. Para minha surpresa, o jovem se abriu, compartilhando seus medos e a sensação de impotência diante do futuro incerto.
Para quem luta com problemas pessoais ou globais, as ações podem ser impulsivas. Recentemente, eu mesmo havia tido uma reação explosiva ao descobrir uma cobrança indevida no cartão de crédito, uma demonstração de como o descontrole emocional nos afeta diante de incertezas.
Conexão diante do medo e da dor
Refletindo, percebi que minha raiva revelou uma dor mais profunda: o diagnóstico de câncer de estágio 4 do meu parceiro, que me fez sentir a perda de controle e a urgência de agir. Talvez essa mesma sensação de impotência explique as ações do jovem, que vive em um mundo onde o futuro parece ameaçado.
O contato com ele foi uma oportunidade de reconhecimento: estamos todos buscando compreensão, conexão e um pouco de paz em meio ao caos. Quando ele pediu um abraço, aceitei, sentindo a união de nossas emoções compartilhadas.
Aprendizados e futuras atitudes
Sair daquela situação com empatia foi uma lição valiosa. Embora não condone o vandalismo, compreendo a dor que pode estar por trás dele. Nosso diálogo mostrou que é possível transformar um momento de conflito em uma conexão humana cheia de significado.
Refletindo sobre o que poderia ter acontecido se fosse uma pessoa com ideias opostas ou agressiva, percebo a importância de abordagens abertas e curiosas. Perguntar, ouvir e não julgar são passos essenciais para construir pontes, mesmo em ambientes de profunda polarização.
Esperança de diálogos mais humanos
Meu desejo é ampliar essa empatia no cotidiano. Encarar as diferenças com curiosidade em vez de medo pode abrir caminhos para compreender o que as pessoas carregam. Afinal, todos estamos lidando com nossas próprias lutas e medos, especialmente em tempos de crise global.
Ao deixar aquele estacionamento, senti que um ato de compreensão transformou um dia difícil em uma oportunidade de conexão verdadeira. E, talvez, essa seja uma das formas mais humanas de resistir às nossas próprias inseguranças.
Katarina Wong é artista, escritora e diretora espiritual, baseada em Santa Fé, Novo México. Ela explora a criatividade e a espiritualidade como ferramentas de conexão profunda, através de seu boletim semanal Three Threads. Conheça mais seu trabalho no Instagram @katarinawong.