No dia 3 de julho de 2025, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) reafirmou a condenação imposta ao Governo do Distrito Federal (GDF) em um caso trágico que envolveu a modelo Sarah Bueno, que ficou paraplégica após ser baleada em um assalto a ônibus em 2018.
A invasão e seus desdobramentos
O incidente ocorreu em maio de 2018, quando Sarah viajava de ônibus de São Paulo para Brasília. Durante o trajeto, o veículo foi abordado por dois assaltantes armados que, ao notarem a presença de um policial militar a bordo, iniciaram uma troca de tiros. Na confusão, Sarah foi atingida por disparos que a deixaram com lesões irreversíveis. A gravidade de sua condição se deve à profundidade das lesões, que afetaram sua mobilidade de forma permanente.
Processo judicial e condenação
Após o incidente, Sarah enfrentou um longo processo emocional e psicológico antes de buscar reparação legal, decidindo apenas em 2021 entrar com uma ação judicial contra o GDF. O Tribunal reconheceu a responsabilidade do governo e ordenou inicialmente o pagamento de R$ 80 mil por danos morais, além de uma pensão mensal equivalente a um salário mínimo. Ambas as partes recorreram dessa decisão.
O relator do processo, desembargador Alfeu Machado, destacou que a responsabilidade do Estado é objetiva e que o trauma emocional sofrido por Sarah também deveria ser compensado financeiramente. Além disso, o tribunal concluiu que a perícia não conseguiu determinar a origem dos tiros, mas isso não exime o Estado de sua responsabilidade.
Aumento das indenizações
Mais recentemente, o TJDFT determinou que o GDF deveria pagar um total de R$ 500 mil em indenizações, sendo R$ 100 mil por “dano ao projeto de vida” e R$ 400 mil por danos morais. O governo também foi condenado a fornecer uma pensão vitalícia para Sarah, que seguirá recebendo assistência ao longo de sua vida.
Recursos e próximos passos
Agora, a defesa de Sarah planeja recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que o GDF arque não apenas com as indenizações, mas também com as despesas médicas, como terapias e medicamentos. De acordo com a advogada de Sarah, Laiana Lacerda, a vítima não recebeu apoio financeiro desde o incidente e sobrevive com a ajuda de amigos e familiares.
“A Sarah não teve ajuda do GDF desde 2018. Mesmo com o recente aumento da pensão de um salário mínimo para três, essa decisão ainda não foi cumprida. Agora, ela não tem condições de trabalhar ou sustentar a si mesma,” explicou Lacerda, enfatizando a luta contínua de Sarah por justiça e apoio.
A esperança de um futuro melhor
Sarah continua a sua batalha não apenas por compensações financeiras, mas também por um futuro mais digno. Em suas palavras, “tem sido uma luta longa, e até agora não houve progresso em relação a suporte efetivo ou auxílio no tratamento”. Ela aguarda a efetivação dos direitos que lhe foram garantidos pela justiça e permanece esperançosa de que sua história possa inspirar mudanças significativas nas políticas de assistência a vítimas de violência.
Com o prazo para o GDF se manifestar expirando em breve, o caso de Sarah se torna um exemplo gritante da importância da responsabilidade governamental e do suporte a cidadãos que enfrentam adversidades extremas.
Esta situação não apenas levanta questões sobre segurança pública, mas também sobre os direitos dos cidadãos e a necessidade de um sistema de suporte mais robusto para aqueles que, como Sarah, foram vítimas de violência.
O caso de Sarah Bueno continua a ser acompanhado de perto pela opinião pública e por organizações de direitos humanos, buscando garantir que tragédias como esta não se repitam e que as vítimas obtenham a assistência devida por parte do Estado.
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