Brasil, 2 de julho de 2025
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Rafael Fonteles prefere a primeira classe ao povo?

Saída de Regina Sousa do governo Rafael Fonteles pode indicar um distanciamento ainda maior entre o governador e Wellington Dias
Rafael Fonteles ao lado de Wellington Dias. Foto: Ascom.

Desde que assumiu o governo do Piauí, Rafael Fonteles parece ter confundido o Palácio de Karnak com um aeroporto internacional. De lá pra cá, foram dezenas de viagens ao exterior – quase 20 países vitistados, calculam alguns – sempre cercadas de promessas mirabolantes sobre investimentos estrangeiros que nunca se materializam.

O governador se tornou, na prática, um turista institucional — um chefe de Estado que governa com uma pasta de “intenções” na mão e os pés longe da realidade.

Enquanto Rafael posa com tecnocratas europeus e executivos em conferências em Dubai, o povo do Piauí sofre com problemas básicos, como a falta de água. Não bastasse a venda da Agespisa, que piorou a situação do abastecimento no estado, agora até a água do subsolo virou alvo de tributação. O governo resolveu taxar poços e cacimbas, como se o sertanejo estivesse explorando petróleo da camada do pré-sal e não apenas tentando sobreviver à seca.

Essa realidade parece invisível para quem está ocupado demais colhendo palmas em painéis internacionais. Rafael vive numa bolha diplomática onde o Piauí virou um “case de sucesso” para plateias estrangeiras. Mas, do lado de cá, os problemas não se resolvem com discurso. A saúde está em colapso, a educação estacionada, os servidores públicos desvalorizados — e, claro, a água, um bem essencial, virou fonte de lucro para o Estado e desespero para o cidadão.

Rafael Fonteles rumou a lugares como China, Coreia, Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. Cada missão foi transformada em post de “case de sucesso”, enquanto Piauí se afogava em promessas não cumpridas, como a do hidrogênio verde e o porto de Luís Correia. No penúltimo ano do seu mandato, nem a ver navios nós, piauienses, ficamos.

O governador se distanciou também de sua base original — os petistas da velha guarda. Aquele grupo que, em 2022, foi primordial para sua vitória: Wellington Dias, caciques locais, deputados e prefeitos que confiaram no projeto. Agora, Fonteles viaja para o exterior e volta sem reconhecer sequer uma semifinal de articulação interna. O resultado? O partido no estado se fragmenta, velhas lideranças são deixadas de lado, insatisfações crescem e, nos bastidores, o cheiro de traição político‑eleitoral se intensifica.

Nessa soberba diplomática — viagens internacionais a toda hora — Fonteles parece ter esquecido que eleição se joga no chão da praça, no contato com camarários, vereadores, prefeitos, eleitores e, acima de tudo, nos problemas domésticos. Seus adversários já vêem nisso uma brecha: um governador ausente, um PT sem lealdade real ao seu líder, e um eleitorado desamparado.

As viagens e promessas mirabolantes podem até render manchetes, mas alimentam o discurso de que, enquanto o governador prestigia palcos internacionais, o Piauí que segure a bronca. E, cá entre nós — sobretudo para quem busca reeleição — isso é quase o mesmo que caminhar sobre o precipício.

Fonteles parece acreditar que carimbos no passaporte valem mais do que a aprovação popular. Tenta construir uma imagem de gestor moderno, globalizado, mas ignora que o eleitor que decidirá seu futuro em 2026 não está em Bruxelas ou Lisboa — está em Paulistana, Parnaíba, Esperantina. Está pegando balde pra buscar água, está no hospital sem remédio, está endividado, sufocado por taxas e tributos que só aumentam.

A cada viagem internacional, Rafael não aproxima o Piauí do mundo — afasta-se do povo que jurou representar. Perde a conexão com a realidade e com os dramas que o marketing não consegue maquiar. A reeleição, que parecia certa, agora passa a depender de um retorno ao básico: governar de verdade.

Se continuar voando alto, desprezando o chão rachado do Piauí, Rafael Fonteles corre o risco de aterrissar, em 2026, direto na realidade. Porque o povo já entendeu: quem governa de fora, perde por dentro.

Até mesmo os aliados do governador começam a entender que o governador viaja demais.

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