A prisão de um advogado em Serrinha, na Bahia, na última terça-feira (1º), levanta preocupações sobre a segurança no sistema penitenciário do estado. O profissional é suspeito de participar ativamente da fuga de 16 detentos do Conjunto Penal de Eunápolis, um caso que ganhou destaque na mídia local e nacional.
O caso da fuga no Conjunto Penal de Eunápolis
A fuga ocorreu em dezembro do ano passado e foi registrada por câmeras de segurança. Durante a ação, oito homens fortemente armados invadiram a unidade, disparando contra agentes de segurança. Essa ação ousada permitiu que um grupo de 16 detentos escapasse da prisão de maneira cinematográfica.
As investigações revelaram que o advogado, cujo nome ainda não foi divulgado, desempenhava um papel crucial na infraestrutura da organização criminosa. Ele era responsável pela gestão de recursos financeiros oriundos do tráfico de drogas, além de fazer a prestação de contas e cobrar metas semanais de arrecadação. Esses detalhes sublinham a gravidade da situação e a profundidade das conexões entre o sistema legal e o crime organizado.
Operação Dupla Face
A prisão do advogado foi realizada durante a Operação Dupla Face, uma ação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público da Bahia (MPBA). Além da detenção do advogado, a operação resultou em quatro mandados de busca e apreensão, onde foram confiscadas duas armas e munições, destacando a complexidade da situação e o arsenal envolvido nos crimes.
De acordo com as autoridades, a investigação continua e mais detalhes sobre como o advogado ajudou na fuga ainda estão sendo apurados. O coronel Luís Alberto Paraíso, comandante de Policiamento da Região Sul, relatou que a ação dos detentos foi bem orquestrada, envolvendo a perfuração do teto de uma cela e o uso de cordas artesanais feitas de lençóis — chamadas de “teresas” — para escalar o alambrado.
Repercussões e medidas tomadas
A fuga e a subsequente operação policial tiveram sérias repercussões no sistema penitenciário local. Após os eventos, vários funcionários do Conjunto Penal de Eunápolis foram afastados de seus cargos, incluindo a diretora, o diretor adjunto e o coordenador de segurança. A ex-diretora Joneuma Silva Neres foi presa por ser suspeita de ter facilitado a fuga, com investigações indicando seu envolvimento com uma organização criminosa.
Durante a abordagem, a polícia encontrou com Joneuma celulares, chips telefônicos, um caderno de anotações e R$ 8 mil em espécie, reforçando a suspeita de conluio e corrupção no sistema prisional. A situação revela a fragilidade das medidas de segurança e a necessidade urgente de reformas e monitoramento mais rigoroso nas penitenciárias da Bahia.
Fugas recorrentes no sistema prisional da Bahia
Nos últimos dois anos, a Bahia tem sido palco de pelo menos 32 fugas de detentos em diversas unidades prisionais, com o caso mais recente envolvendo a fuga de 16 internos em Eunápolis. O crescente número de fugas destaca não só a ineficiência das medidas de segurança, mas também a necessidade de uma abordagem mais eficaz para combater a corrupção e o crime dentro das prisões.
A sociedade clama por ações efetivas que garantam a segurança e o controle das unidades prisionais, além de uma investigação minuciosa sobre as possíveis ligações entre advogados, autoridades e organizações criminosas. O caso serve como um alerta sobre a fragilidade do sistema de justiça e a importância de manter a integridade do sistema legal no estado.
Conclusão
O sistema penitenciário da Bahia enfrenta um desafio sem precedentes que requer atenção imediata e medidas decisivas para evitar que casos como o vivido em Eunápolis se repitam. A prisão do advogado envolvido na fuga é um passo em direção à responsabilidade, mas ainda há um longo caminho a percorrer para restaurar a confiança no sistema de justiça do estado.
Com a continuidade das investigações e a pressão sobre autoridades para melhorar a segurança, espera-se que novos desdobramentos tragam uma nova perspectiva sobre os desafios enfrentados pelo sistema penal na Bahia.