Após semanas de tensão e derrotas no Congresso, o governo federal tenta reforçar um discurso de unidade em torno da justiça tributária, liderado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A crise provocada pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que foi parcialmente derrubado, evidencia o complexo cenário de resistência no Legislativo e a busca por um alinhamento interno no Palácio do Planalto.
Alinhamento político e estratégias do governo
Segundo auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve um esforço interno para consolidar a pauta de reforma tributária, principalmente a cobrança de impostos sobre os mais ricos. Mesmo com resistência inicial do ministro Haddad, nomes como Rui Costa, chefe da Casa Civil, passaram a defender a necessidade de arcar com essa agenda como parte de um projeto de justiça social. Lula afirmou que o país começa por uma tributação mais justa, reforçando a narrativa de enfrentamento às desigualdades.
Reações internas e impacto na relação com o Congresso
Apesar do esforço de unificação, o desgaste com o Legislativo permanece evidente. A Câmara e o Senado aprovaram, na semana passada, propostas que suspendem o aumento do IOF e outras ações que podem gerar até R$ 106 bilhões em custos aos cofres públicos neste ano. A decisão de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar o projeto que derrubou o decreto de aumento do tributo mostra a preocupação do governo com o cenário institucional.
Desafios políticos e tentações de diálogo
Para evitar um rompimento maior, o Palácio do Planalto trabalha na tentativa de restabelecer uma relação mais próximo com o Congresso. Na noite da votação, deputados aprovaram medidas que envolvem a venda de petróleo do pré-sal e recursos para políticas sociais, sinais de que o governo busca manter canais de diálogo abertos, apesar da resistência.
Perspectivas e próximos passos do governo
Nos próximos dias, Lula deve conversar com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, visando uma retomada da normalidade nas negociações. O cenário interno indica que, apesar de momentos de maior fragilidade, o governo busca consolidar seus esforços de reforma fiscal, embora o desgaste com o Congresso continue um desafio central.