Em um cenário de tensão entre o governo e o Congresso, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, está empenhada em restabelecer o diálogo com as lideranças da Câmara. Enquanto setores do governo adotam uma postura mais beligerante, membros do Centrão já manifestaram a intenção de “virar a página” e buscar uma aproximação, contanto que o Palácio do Planalto não recorra ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contornar a recente derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A necessidade de ajustes fiscais
Alguns líderes da Câmara sugerem que, para isso, o governo deve se comprometer com mais medidas de ajuste fiscal. Desde a revogação do decreto sobre o IOF, a narrativa oficial tem defendido o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizando sua busca por “justiça tributária”. Nas redes sociais, a administração tem explorado a retórica de “nós contra eles”, tentando engajar o apoio dos mais pobres.
No entanto, a situação é delicada. Integrantes da administração reconhecem que o governo precisa urgentemente corrigir a rota após a derrota significativa no Legislativo. Gleisi contatou líderes do Centrão depois do embate no Congresso. Eles afirmaram que não poderiam evitar a votação adversa, já que a população tende a rejeitar o aumento de impostos.
As próximas movimentações políticas
Pedro Lucas Fernandes (MA), líder do União Brasil, comentou a necessidade de um novo entendimento: “O governo tem que entender que nem sempre seremos convergentes. Essa narrativa de ir para o confronto não ajuda. Temos que virar a página e sentar com o governo”, disse ele, manifestando disposição para negociar.
Isnaldo Bulhões (AL), do MDB, defendeu que o governo deve considerar cortes de gastos para conquistar a classe média, que tende a ser mais crítica em relação ao presidente Lula. “É preciso discutir contrapartidas. Rever empresas estatais que não têm mais razão de existir é uma demanda de setores que queremos dialogar”, sugeriu Bulhões.
Prioridades em meio à crise
Gleisi e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), estão trabalhando para agendar uma conversa com o deputado Arthur Lira (PP-AL). Lira é responsável pelo projeto que eleva a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma das principais prioridades do governo para o ano. O petista deseja utilizar essa proposta como bandeira eleitoral na corrida presidencial de 2024.
A publicação do parecer sobre essa proposta, inicialmente programada para a semana passada, foi adiada pelo relator. Entre aliados, ficou claro que Lira acredita que o clima atual não é favorável para a apresentação do texto.
A relação com o ministro da Fazenda
Enquanto Gleisi trabalha para restabelecer o diálogo, a relação entre os líderes do Congresso e Haddad se deteriora. Os parlamentares percebem um afastamento constante do ministro, especialmente após o decreto do IOF, que foi visto como uma imposição sem consulta prévia. As tensões têm levado alguns a sugerir um armistício entre o governo e a Câmara, buscando reverter a crescente insatisfação.
Fontes próximas a Gleisi destacam que não há interesse em manter o confronto. No entanto, ressaltam que o debate sobre a tributação dos super-ricos é uma questão que precisa ser discutida abertamente com a sociedade. A ministra está intensificando suas conversas com líderes do Congresso nas próximas semanas.
Conclusão
O governo enfrenta um momento crítico, onde a necessidade de diálogo e compreensão entre as partes envolvidas é mais importante do que nunca. A busca por um consenso no Legislativo pode ser o caminho para superar as dificuldades financeiras e garantir a implementação das políticas propostas. A aproximação de Gleisi Hoffmann com os líderes da Câmara é um passo na direção certa, mas ainda há muitos desafios pela frente.