Na última segunda-feira (30), a capital paulista se despediu de uma de suas maiores figuras no esporte, a atleta olímpica Wanda dos Santos, falecida aos 93 anos. A confirmação da triste notícia foi feita pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que ressaltou a importância de Wanda na história do atletismo brasileiro.
A trajetória de uma pioneira
Wanda dos Santos marcou sua presença nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, e Roma, em 1960, tornando-se uma das primeiras atletas negras a representar o Brasil em tais competições. Sua carreira, que durou cerca de duas décadas, é repleta de conquistas, sendo recordista de medalhas de ouro no Troféu Brasil com um total impressionante de 48 triunfos, segundo a CBAt. “Nenhuma atleta ganhou tanto quanto ela. Nenhuma deixou uma marca tão profunda nesse campeonato”, declarou a entidade em suas redes sociais.
Resistência e legado
Além de sua extraordinária habilidade atlética, Wanda simbolizou a resistência e a luta por igualdade em um esporte dominado por estereótipos de raça e gênero. A CBAt lembrou que a atleta “foi mulher, negra, atleta em um tempo em que isso tudo, junto, era sinônimo de resistência”. Essa luta, muitas vezes solitária, fez dela uma verdadeira iconoclasta no mundo do atletismo e uma fonte de inspiração para as gerações futuras.
Seu legado vai além das medalhas; ele inclui a luta pela aceitação das mulheres negras no esporte, desafiando normas e inspirando outras a seguirem seus passos. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) também emitiu uma nota em homenagem à atleta, reafirmando que “sua memória permanecerá viva na história olímpica brasileira, inspirando futuras gerações de atletas”.
Contribuições para o esporte brasileiro
Wanda dos Santos não atuou apenas em competições internacionais. Ela também se destacou nos Jogos Pan-Americanos, defendendo o Brasil, e jogou em clubes importantes como São Paulo, Palmeiras e Floresta (Espéria). O clube São Paulo publicou um tributo tocante em seu site, destacando a importância de Wanda como um ícone do esporte e a riqueza de sua trajetória. “Verdadeira atleta, no sentido amplo da palavra, Wanda dos Santos praticou de tudo um pouco – voleibol, handebol e basquetebol – antes de se aventurar no atletismo”, descreveu o clube.
Além do carinho de seus fãs, Wanda deixou uma marca indelével no atletismo. Sua versatilidade como atleta permitiu-lhe transcender barreiras, tornando-se um exemplo em várias modalidades. Sua medalha de bronze no salto em distância no Pan-Americano de Buenos Aires, em 1951, foi apenas uma das várias conquistas que solidificaram sua reputação.
Um último adeus
A confirmação do falecimento de Wanda dos Santos deixou a comunidade esportiva brasileira em luto. Seu corpo será velado no Cemitério São Pedro, na Avenida Francisco Falconi, 837, na Vila Alpina, nesta terça-feira (1º), das 10h às 14h. A despedida de Wanda representa não apenas a perda de uma atleta, mas de uma mulher que lutou, venceu e inspirou muitos. Com sua morte, o Brasil perde uma de suas mais queridas representantes do esporte e uma figura que certamente será lembrada por sua coragem e conquistas.
Além de suas conquistas esportivas, Wanda dos Santos representa um capítulo importante na luta pela igualdade de gênero e raça nos esportes. Sua trajetória é um testemunho do poder da resiliência e do impacto que uma única pessoa pode ter em um campo repleto de desafios.