Uma semana após o ataque mortal à Igreja Mar Elias, em Damasco, as igrejas na capital síria permanecem abertas, celebrando a liturgia dominical, apesar de uma expressiva queda na participação devido ao clima de medo e ansiedade entre os fiéis.
Liturgias com esperança em meio à ameaça
O padre Antonios Raafat Abu Al-Nasr, pároco de Nossa Senhora de Damasco, da Igreja Melquita Grega, relatou à ACI MENA que houve uma “participação muito tímida” na missa dominical, reconhecendo que a preocupação pela segurança é compreensível diante do contexto atual.
“Era esperado, e a Igreja compreende isso, dada a preocupação de todos com a segurança”, afirmou. Desde o ataque, o Ministério do Interior enviou tropas para proteger as igrejas, permanecendo na região até o momento, segundo o padre.
Al-Nasr destacou ainda o papel de jovens voluntários cristãos, conhecidos como “Faz‘a Youth”, que têm se dedicado à proteção das igrejas. “Eles estão sempre conosco, não apenas durante as missas, mas também em outros eventos”, declarou, ressaltando as medidas de segurança adotadas pelos templos em toda Damasco.
Apesar do trauma, o sacerdote transmitiu uma mensagem de esperança: “A Igreja eleva suas preces a Deus, pedindo força e raízes profundas na fé. No final, só a verdade prevalecerá”, afirmou.

Participação desigual em diferentes regiões da Síria
Embora a participação nas igrejas de Damasco tenha diminuído, outras regiões do país registraram maior presença de fiéis, com níveis semelhantes aos anteriores ao ataque.
Em Aleppo, por exemplo, uma forte presença de segurança foi registrada diante de igrejas, especialmente na rua de St. Thérèse, na região de Nova Síria, onde mais de 30 agentes reforçaram a vigilância. Ainda assim, muitos cristãos permanecem em choque; alguns preferem rezar em casa, enquanto outros insistem em participar das liturgias.

Medo impulsiona migração entre os cristãos
Em entrevista à Vatican News, o bispo Hanna Jallouf, vogal apostólico de Aleppo e responsável pela Igreja Católica em toda a Síria, descreveu o dia do ataque como catastrófico, reacendendo o medo na população.
Ele observou que o número de cristãos que pensam em emigrar aumentou drasticamente. “Antes do ataque, cerca de 50% consideravam deixar a Síria; hoje, essa porcentagem subiu para 90%. A Síria não pode ser reconstruída apenas por uma cor ou lado. É um grande desafio para a Igreja tentar restaurar esperança e equilíbrio”, apontou.
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Para o bispo, o momento exige perseverança. “A Igreja permanece em orações, confiando que Deus dará força ao seu povo. A esperança não deve ser perdida”, concluiu.
Esta história foi primeiramente publicada pela ACI MENA, parceira de notícias em árabe da CNA, e foi adaptada e traduzida para o português.