As contas públicas brasileiras permanecem sob forte pressão, agravada por taxas de juros elevadas e pela forte resistência do Congresso a reformas estruturais. Segundo especialistas, o gasto tributário, que representa cerca de 6% a 7% do PIB, é um dos principais fatores que pressionam o déficit fiscal, conforme destacou o economista Arminio Fraga em entrevista à Mônica Waldvogel.
Desafios políticos e econômicos do ajuste fiscal
O governo precisa apresentar propostas mais profundas de ajuste nas contas públicas, mas enfrenta dificuldades políticas, já que o Congresso costuma barrar medidas essenciais. Mesmo as iniciativas consideradas menos controversas acabam sendo insuficientes ou desidratadas, dificultando o avanço de reformas necessárias para a sustentabilidade fiscal.
Custos legislativos e ambiente pré-eleitoral
De acordo com levantamento da Consultoria Tendências, os custos criados pelo Legislativo neste ano devem alcançar R$ 106 bilhões, valor que contribui para o aumento do déficit. A situação se complica ainda mais em um ano eleitoral, quando o ambiente político fica contaminado e o debate sobre ajuste fiscal sofre impactos diretos, como destacou a reportagem de Cassia Almeida no GLOBO.
Impactos do ambiente eleitoral na agenda de reformas
O ano de 2026 será marcado por eleições presidenciais e parlamentares, e essa conjuntura historicamente impede avanços em reformas que envolvem mudanças estruturais na economia. A opinião pública e os próprios atores políticos demonstram ceticismo e resistência, influenciados pelo cenário de disputa eleitoral.
Resistência às medidas de ajuste
Recentemente, o Congresso aumentou o gasto ao aprovar a ampliação do número de cadeiras na Câmara e vetou a proposta do governo de limitar o IOF, criada para melhorar o equilíbrio fiscal. Essas ações, segundo analistas, refletem um ambiente político que prioriza interesses eleitorais em detrimento de ajustes fiscais de longo prazo.
Perspectivas para o futuro
Especialistas alertam que, sem reformas profundas e um entendimento mais integrado entre Executivo e Legislativo, o controle do déficit fiscal deve permanecer um desafio nos próximos anos. A expectativa é de que as disputas eleitorais continuem criando uma atmosfera de prioridades políticas sobre as prioridades econômicas.