A partir desta segunda-feira, a famosa grama de Wimbledon se torna a protagonista do Grand Slam, que acontece até o dia 16 de julho. Essa superfície, que faz parte da história do tênis, é descrita por muitos como “traiçoeira”, obrigando os tenistas a reinventarem suas técnicas e estratégias para se adaptar às peculiaridades do jogo na grama. A mudança de superfície, que ocorre logo após o tradicional torneio de Roland Garros no saibro, traz diversos desafios e exige uma rápida adaptação por parte dos jogadores.
A adaptação de jogadores ao piso de grama
A superfície de grama é uma especialidade britânica, e os torneios em quadras gramadas são raros no mundo. Muitos especialistas na Europa sentem-se desamparados, pois apenas possuem cinco semanas anuais dedicadas a torneios em tal superfície. Como explica o francês Lucas Pouille, ex-número 10 do mundo: “Poucos países têm torneios na grama porque é necessário um cuidado considerável para manter as quadras em boas condições”. Assim, a prática dessa modalidade não é comum para muitos tenistas até que cheguem ao nível profissional.
Pouille complementa que “todos os jogadores só descobrem essa superfície muito tarde, a não ser que tenham disputado torneios juvenis”. Isso se reflete no desempenho de tenistas em Wimbledon, já que a experiência em jogar nessa superfície é fundamental. Por exemplo, a polonesa Iga Świątek, atual número 4 do mundo, frisou que, embora tenha mais anos de experiência, ainda enfrenta dificuldades para se adaptar: “Não diria que de repente tudo é perfeito, porque a superfície é difícil e traiçoeira”.
Preparação e tática na grama
A transição do saibro para a grama implica alterações significativas nas táticas de jogo. Os tenistas precisam alterar sua forma de se mover na quadra, utilizando passos mais curtos e rápidos, ao invés de grandes passadas. “Após dois meses jogando no piso de terra batida, temos apenas 13 dias para mudar tudo”, afirmou a tenista Coco Gauff, campeã do último Roland Garros e número 2 do mundo.
Um aspecto crucial do jogo na grama é a eficiência no saque e a capacidade de responder de forma agressiva. A modalidade exige um tipo de preparo diferente do que o necessário para a superfície de saibro. Segundo Arthur Rinderknech, que competirá contra Alexander Zverev, número 3 do mundo: “Na grama, exige-se menos preparo cardiovascular, mas mais força muscular, pois o esforço é mais curto”. Como resultado, os rallys são, frequentemente, mais curtos, e as partidas tendem a ser menos prolongadas.
Desempenho e desafios enfrentados pelos tenistas
A concentração durante as partidas é intensa, dada a velocidade do jogo na grama. Carlos Alcaraz, atual bicampeão de Wimbledon, é um dos poucos jogadores que se destacou rapidamente nesse piso, relatando experiências positivas em competições juvenis. “O estilo dos jogadores em quadra, o som da bola, os movimentos. Não é simples, mas uma vez que você sabe como se mover, é como se estivesse voando”, descreveu Alcaraz sobre a sensação de jogar na grama.
A experiência do tenista espanhol ressalta como a dominação do estilo de jogo na grama pode levar anos para ser alcançada, evidenciando o quão diferente essa superfície pode ser em comparação às demais. Com a proximidade do término de Roland Garros e a rápida transição para Wimbledon, a determinação dos tenistas será este ano mais evidente do que nunca. Com apenas alguns dias para se preparar, eles devem aproveitar ao máximo esse período para se adaptarem às exigências do chão de grama e buscar a vitória no prestigioso torneio britânico.
Enquanto isso, a expectativa é alta entre os fãs do tênis, que aguardam ansiosamente para ver como os jogadores estão se adaptando a essa superfície desafiadora e como eles irão utilizar suas habilidades para triunfar em Wimbledon.
