Na abertura do evento “COP30 Amazônia”, realizado no Rio de Janeiro, especialistas destacaram que o Brasil possui uma vantagem competitiva na liderança da transição energética global, graças à sua matriz renovável predominantemente limpa, com quase 90% de capacidade instalada de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis.
Brasil possui matriz mais limpa do que países desenvolvidos
Durante o seminário, realizado pelo Valor e O GLOBO em 18 de junho, os palestrantes enfatizaram que o Brasil apresenta uma matriz energética mais sustentável em comparação com a média mundial, onde o percentual de renováveis é de 15%, segundo dados da OCDE. No país, esse índice sobe para quase 90% na capacidade instalada de eletricidade.
Potencial para reindustrialização sustentável
Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), afirmou que o Brasil pode aproveitar a sua posição para promover uma reindustrialização verde, usando energias renováveis nos processos produtivos. Ela também ressaltou que o país deve reforçar a continuidade na execução de seus planos para evitar a perda de oportunidades no setor de energias limpas.
Avanços e desafios na política de transição energética
Segundo especialistas, recentes avanços no campo da energia renovável incluem projetos de lei aprovados no Congresso, como o marco legal do hidrogênio verde e das eólicas offshore, além do mercado regulado de carbono e incentivos fiscais para substituição de fontes poluentes por renováveis. No entanto, há críticas quanto à fragmentação e à inclusão de “jabutis” — emendas sem relação direta com o tema principal que podem prejudicar o progresso.
Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente, destacou que os desenvolvimentos nas últimas décadas, especialmente na energia solar, saltaram de 10 GW em 2020 para quase 60 GW em 2025, o que demonstra o potencial de crescimento do setor.
Desafios do modelo e risco de retrocesso
Apesar dos avanços, os participantes alertaram para o risco de o Brasil perder espaço na liderança, principalmente pelo uso de emendas “jabutis” em projetos de lei e pela instabilidade na execução de planos de longo prazo. Bárbara Rubim, vice-presidente da Absolar, pediu atenção para que a transição seja justa e inclusiva, garantindo energia acessível para toda a sociedade.
Ela revelou que o país está em uma posição confortável no campo da energia renovável, mas que essa vantagem pode se tornar uma inimiga, se não houver continuidade e coerência nas políticas públicas. “Nosso desafio é assegurar que a transição seja justa e eficiente”, afirmou.
Perspectivas para a COP30 e oportunidades globais
A expectativa é que a COP30, que será sediada em Belém, em novembro, seja marcada por discussões sobre as possibilidades de o Brasil se consolidar como um grande produtor de soluções para a transição energética mundial. O país também busca fortalecer sua posição ao acelerar projetos de minerais críticos para esse processo, conforme destacado em debates recentes.
Especialistas reforçam que o Brasil deve aproveitar seu potencial para liderar uma transição energética global responsável, promovendo uma matriz mais sustentável e atraindo investimentos estrangeiros, mesmo enfrentando obstáculos como a variabilidade das fontes intermitentes como solar e eólica.
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