Brasil, 30 de junho de 2025
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Voa Brasil: programa de passagens aéreas tem adesão baixa entre aposentados

Apesar da proposta de passagens mais baratas, o Voa Brasil enfrenta desafios e baixa adesão entre aposentados e pensionistas.

Desde que foi lançado há quase um ano, o programa Voa Brasil, que tem como objetivo facilitar o acesso a passagens aéreas a preços reduzidos para aposentados do INSS, não alcançou o sucesso esperado. Com uma promessa de 3 milhões de bilhetes disponíveis, apenas 41.165 foram vendidos, representando um desolador 1,37% da meta estipulada pelo governo. Este panorama revela a necessidade de ajustes e um entendimento mais profundo das dificuldades enfrentadas pelos usuários.

Desafios do Voa Brasil enfrentados pelos aposentados

Aposentada, Maria Aparecida Albernaz é um exemplo do público-alvo do programa, mas expressa sua insatisfação com as condições de compra. Para ela, a utilização de pontos para a compra de passagens aéreas é uma melhor alternativa. “Sempre que viajamos, compramos passagens com pontos, o que deixa o bilhete bem barato ou quase não pagamos”, explica Maria. A dificuldade do Voa Brasil está na exigência de que os voos sejam agendados em horários disponíveis, muitas vezes em períodos de alta demanda, como feriados, o que não se coaduna com as necessidades da família.

Queda nas vendas e problemas estruturais

Os dados divulgados pelo Ministério de Portos e Aeroportos mostram uma queda dramática nas vendas do programa nos últimos meses. Em janeiro foram 5.308 passagens vendidas, mas esse número despencou para apenas 2.604 em maio, uma queda de 17% em relação a abril. Tais números indicam não apenas a resistência dos consumidores, mas também problemas estruturais na implementação do programa.

No mês de maio, a companhia Gol teve um desempenho alarmante ao vender apenas dez passagens pelo Voa Brasil, devido a um problema técnico em seu sistema. As outras companhias, Azul e Latam, registraram números relativamente melhores, com 743 e 1.851 vendas, respectivamente. Essa disparidade no desempenho pode ser atribuída a como cada companhia aérea está adotando ou promovendo o programa.

Dependência do mercado e limitações do público-alvo

O funcionamento do Voa Brasil é influenciado pelas decisões comerciais das companhias aéreas, que tendem a oferecer apenas assentos ociosos para manter a rentabilidade. Desde 2006, com a criação da Anac, as companhias têm autonomia para definir destinos e preços, o que dificulta o controle e a previsibilidade do programa.

Em uma análise mais abrangente, André Soutelino, advogado e especialista na área, aponta dois entraves principais: a renda do público-alvo—já que cerca de 70% dos aposentados do INSS têm uma renda equivalente a um salário mínimo—and o acesso ao programa, que muitos idosos acham complicado. “A ideia é boa, mas o programa tem um problema de concepção”, enfatizou. O preço da passagem de até R$ 200 é apenas para o trecho e não inclui taxas de embarque, complicando ainda mais a situação financeira dos aposentados.

Expectativas de ampliação e envolvimento das empresas

O cenário atual requer um envolvimento mais significativo do governo e correções no planejamento do programa. O Ministério de Portos e Aeroportos ainda espera consolidar dados do Ministério da Educação para permitir a adesão de estudantes do Programa Universidade para Todos (Prouni), o que foi prometido durante o lançamento do Voa Brasil.

Mesmo com o desempenho abaixo do esperado, o Ministério defende que o Voa Brasil cumpre um papel social, ao facilitar o acesso ao transporte aéreo para quem mais precisa. A Azul, por sua vez, expressou apoio ao programa, destacando que ele está alinhado com a inclusão e democratização do transporte aéreo no Brasil.

Conclusão: necessidade de reformulação do Voa Brasil

O Voa Brasil enfrenta um momento crítico e precisa de reformulações que alinhem suas propostas às reais necessidades dos aposentados. Políticas públicas mais eficazes poderiam estimular não apenas a adesão ao programa, mas também o desenvolvimento de novas oportunidades de viagens em diversas regiões do Brasil, especialmente onde o turismo ainda é subexplorado. Sem melhorias significativas, o programa poderá continuar com baixos índices de adesão, desapontando aqueles que realmente poderiam se beneficiar de sua implementação.

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