O cosplay, abreviação de “costume play”, é uma prática que vai além de vestir fantasias; é uma expressão artística que une criatividade, habilidade manual e uma profunda paixão por personagens da cultura pop. No Distrito Federal, essa arte vem se popularizando e neste fim de semana, durante o Festival do Japão, diversos cosplayers e entusiastas se uniram para celebrar essa forma de expressão.
O que é cosplay?
O cosplay é muito mais do que uma simples brincadeira; ele envolve várias etapas, desde pesquisa sobre os personagens até a confecção de trajes, que podem incluir costura, pintura e até escultura. Cada detalhe é pensado para representar fielmente o personagem escolhido. Os cosplayers, portanto, não apenas vestem roupas, mas vivem as histórias e personalidades de seus ídolos.
Cosplayers em Brasília: histórias inspiradoras
Nara Izumi, uma jovem de 23 anos, se aventurou no universo do cosplay durante a pandemia de Covid-19 e rapidamente se tornou uma referência em Brasília. Inicialmente, começou a se fantasiar para entreter crianças enquanto trabalhava como babá. Sua paixão a levou a atuar como animadora de festas, onde interpreta princesas, personagens de animes e mangás, além de vocaloids, que são representações virtuais de vozes sintetizadas por software. Para ela, “são personagens que me inspiraram muito. Carrego no coração”.
Outro exemplo é Sander Gomes, um maquiador de 31 anos que se apaixonou pelo cosplay em 2010, quando participou de um evento geek. Atualmente, ele mesmo produz seus figurinos com a ajuda de amigos e familiares, sempre atento aos detalhes que tornam cada traje único. “Fiquei encantado com o público caracterizado de vários personagens. Daí em diante, peguei paixão pelo cosplay”, relembra.
A técnica por trás do cosplay
A produção de um figurino de cosplay exige dedicação e técnica. Nara destaca que cada aspecto do visual — roupas, maquiagem, acessórios e a presença de palco — é crucial para transmitir a essência do personagem. Ela mesma estiliza perucas e se dedica a diversas áreas do cosplay, incluindo a confecção de roupas (cosmaker), produção de perucas (wigmaker) e confecção de acessórios (propmaker).
A parte mais desafiadora, segundo Sander, é acertar as proporções e medidas de cada detalhe. “A parte mais difícil de um cosplay é a proporção de tudo. As medidas da roupa, dos detalhes e acessórios não podem ser tão grandes nem tão pequenas. É complicado acertar isso”, afirma.
Os desafios enfrentados pelos cosplayers
Conciliar o hobby com outras responsabilidades também exige habilidade e organização. Nara é uma defensora do black cosplay, onde representa personagens independente da cor da pele, enfatizando que o mais importante é transmitir a essência do personagem. “O cosplay é para se divertir. A gente não veste só um personagem, a gente veste um sonho. Tem uma história por trás. As pessoas se identificam e se inspiram”, reflete.
Apesar de toda a paixão, os desafios são muitos. Nara reconhece que um dos maiores obstáculos é a luta contra o preconceito e a dificuldade de ganhar espaço nesse meio. Além disso, o custo de produção pode ser elevado, com figurinos que chegam a custar mais de mil reais. “O aspecto mais gratificante é o resultado final do cosplay e a fidelidade ao personagem. Eu me sinto bem quando entrego um cosplay fiel e rico em detalhes”, conclui Sander.
Celebrando a arte do cosplay
O Festival do Japão se torna assim um espaço importante para a promoção do cosplay, permitindo que esses artistas exibam seu talento e criatividade. A prática, que envolve diversas disciplinas artísticas, não apenas entretém, mas também traz à vida a paixão dos participantes por seus personagens favoritos. Dessa forma, eles inspiram uma nova geração a se familiarizar com essa rica forma de expressão cultural.
Com eventos como esse, o Brasil demonstra que mesmo em tempos desafiadores, a arte e a criatividade têm um lugar especial e que, com um pouco de imaginação, pode-se transformar um sonho em realidade.
