Brasil, 31 de dezembro de 2025
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Demanda por carros elétricos na Europa aumenta desmatamento no Brasil

Com a meta de a União Europeia atingir a neutralidade de carbono até 2050, a expansão da frota de carros elétricos tem gerado preocupações ambientais no Brasil, maior produtor de minerais de transição do mundo. Segundo relatório de organizações europeias, a demanda por minerais como níquel, cobalto e litio pode levar à destruição de até 118 mil hectares de florestas globais até 2050, representando 1,8% do desmatamento em florestas tropicais em 2024, de acordo com a Global Forest Watch.

Impactos ambientais e sociais do aumento na mineração

O estudo revela que atividades mineradoras, especialmente na Amazônia e na Mata Atlântica, contribuem significativamente para o aumento das emissões de CO2 e a perda de biodiversidade. O Brasil concentraria 11,7% desse desmatamento, totalizando aproximadamente 13.900 hectares, o que não inclui o desmatamento indireto causado pela expansão de infraestrutura e agricultura.

Minerais críticos e seus efeitos

Minerais essenciais para baterias de modelos como NMC 811, que utilizam níquel e cobalto, apresentam maior impacto ambiental, enquanto opções como baterias LFP oferecem alternativas menos agressivas. Independentemente do tipo, o Brasil figura no topo do ranking mundial de desmatamento ligado à mineração, ao lado da Indonésia, em um cenário de crescente demanda por minerais estratégicos como cobre, terras raras e manganês.

Conflitos, violações e defesa de direitos humanos

O aumento na exploração mineral também acarreta riscos sociais severos. Organizações internacionais identificaram mais de 150 alegações de abuso em projetos de mineração de minerais críticos em 2024, incluindo violações de direitos e contaminação de comunidades tradicionais. Especialistas alertam para os impactos graves sobre populações indígenas, cuja presença é frequentemente ameaçada por projetos de mineração em terras protegidas ou em conflito com a legislação ambiental brasileira.

O papel do Brasil na corrida global por minerais

Apesar do impacto ambiental, o governo brasileiro enxerga as reservas de minério como uma oportunidade econômica vital. Dados da Agência Internacional de Energia apontam que a demanda por minerais críticos deve saltar de US$ 230 bilhões em 2023 para US$ 1 trilhão até 2030, com o Brasil detendo 12,3% de reservas de níquel, 26,4% de grafite, 19% de terras raras e 4,9% de lítio.

Parcerias estratégicas com China, Estados Unidos e outros países estão incentivando a exploração e a expansão de áreas de mineração na Amazônia, incluindo pedidos de licenciamento que abrangem cerca de 26 milhões de hectares, uma área quase do tamanho do Equador. Parte desses territórios inclui terras indígenas, com grande risco de violações e impacto ambiental, agravando a disputa por recursos na região.

Desafios e perspectivas para uma transição responsável

Apesar do potencial econômico, críticos alertam que a ausência de uma política socioambiental clara e de diretrizes para a transição energética no Brasil coloca em risco avanços sustentáveis. O governo promete lançar um Plano Nacional de Transição Energética até 2025, além de uma política específica para minerais críticos, mas sem ações concretas até o momento.

Especialistas defendem a necessidade de estabelecer regras rígidas para evitar o uso da mineração como ferramenta de abuso social e ambiental. Como destacou Caroline Avan, do Business & Human Rights Resource Centre, “é possível conciliar a transição energética com a proteção de direitos humanos e biodiversidade, desde que haja políticas públicas claras e fiscalização efetiva.”

A luta pela exploração responsável de minerais é crucial para evitar que a busca por um futuro sustentável acabe agravando crises ambientais e sociais, sobretudo na maior floresta tropical do mundo, onde a preservação deve vir acima de interesses econômicos imediatos.

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