No terceiro aniversário da morte de Bento XVI, celebrado em 31 de dezembro de 2025, o cardeal Gerhard Ludwig Müller presidiu uma missa emocionante na Basílica do Vaticano. Durante a cerimônia, Müller destacou que Bento XVI, cujo nome verdadeiro era Joseph Ratzinger, deixou uma “imensa herança teológica de excepcional qualidade”. Esse legado faz dele um dos maiores intelectuais católicos contemporâneos, sendo reconhecido por sua profunda compreensão e análise da fé cristã.
A importância da celebração e a mensagem do cardeal
Ao iniciar a liturgia, Müller, prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, salientou que Ratzinger “não é uma pessoa do passado, mas um membro do Corpo de Cristo vivo”. Em suas palavras, teve um especial pensamento a Leão XIV, dizendo que, assim como Bento XVI, este papa também se inspira na herança espiritual e teológica de Santo Agostinho, colocando Jesus Cristo no centro da fé da Igreja. Esse aspecto é fundamental para aqueles que buscam compreender a profundidade do cristianismo e a abordagem teológica que Ratzinger promovia.
Sempre a serviço da Palavra de Deus
Müller, que concelebrou a missa ao lado de outros sacerdotes, ressaltou a dedicação de Bento XVI à Palavra de Deus. “Ele se colocou constantemente a serviço da Palavra”, afirmou, citando seu tempo como professor de teologia e sua atuação como papa, onde se revelou um dos maiores teólogos da Cátedra de Pedro. A dedicação de Ratzinger à verdade e à fé foi reconhecida até por intelectuais como Jürgen Habermas, chamado de importante representante da Escola Neomarxista de Frankfurt, que encontrou em Ratzinger um parceiro no diálogo entre crentes e não crentes.
A obra completa de Bento XVI
A teologia de Ratzinger foi descrita por Müller como um “dom para toda a Igreja” e para “as gerações futuras”. Ele lembrou que a obra completa de Bento XVI inclui um projeto ambicioso de dezesseis volumes, totalizando cerca de 25 mil páginas, que abrangem tópicos espirituais, teológicos e filosóficos. Müller enfatizou especialmente os três volumes sobre Jesus de Nazaré, recomendando-os aos fiéis em busca de inspiração e crise de fé, ressaltando sua autoridade teológica pessoal ao publicá-los sob seu nome.
Reflexão sobre fé e razão
Müller também abordou a complexa relação entre fé e razão, mencionando o “conflito que surgiu a partir do Iluminismo”. Ele afirmou que, embora muitas vezes pareceu que a pesquisa bíblica e a filosofia estavam em conflito com a fé, “não há contradição com a Verdade revelada sobre o mundo e a humanidade”. A fé, segundo ele, não precisa ser validada pelas conclusões da ciência e deve ser vista como uma resposta à Palavra de Deus, que fundamenta a existência. Jesus, como a verdade, não pode ser questionado por um conhecimento puramente terreno.
O cristianismo como encontro com Jesus
Ao final de sua homilia, Müller ressaltou uma das principais mensagens de Ratzinger: o cristianismo não é apenas uma teoria ou um conjunto de princípios, mas um “encontro com uma pessoa”, que é Jesus. Ele enfatizou que a Igreja não é uma organização humana, mas uma comunidade de discípulos que testemunham a glória de Cristo. Ratzinger foi um exemplo desses discípulos, deixando um legado teológico que perdura e inspira muitos.
Em suma, a missa em memória de Bento XVI não só celebrou sua vida e legado, mas também convidou os fiéis a refletirem sobre a profundidade da fé cristã e sua relevância no mundo atual.
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