Ainda em 2025, discussões sobre os limites da ciência se intensificaram, marcando um ano de avanços notáveis e questionamentos éticos. Entre tecnologias que parecem saídas de ficção e debates sobre impactos, o período reforçou que o futuro da pesquisa está em constante construção.
Passado reconfigurado: lobos e mamutes em debate
Um dos destaques do ano foi a criação de filhotes de lobos gigantes, espécie extinta há mais de 12 mil anos, anunciada nos Estados Unidos em janeiro. A notícia viralizou, mas especialistas alertaram sobre a complexidade do DNA antigo, ressaltando que o experimento não representa uma verdadeira “desextinção”, mas a tentativa de gerar organismos modernos com características inspiradas em espécies desaparecidas. Leia mais sobre as tecnologias que saíram do papel em 2025.
A Colossal Biosciences também anunciou avanços na tentativa de ressuscitar o mamute-lanoso. Em 2025, os experimentos envolveram “ratos lanosos” geneticamente modificados com genes de elefantes asiáticos, visando estudar adaptação ao frio. Críticos reforçam que esses modelos não são mamutes de verdade, mas versões experimentais que ajudam na pesquisa genética.
Tecnologia no cotidiano: da comida ao afeto artificial
Na área alimentar, a startup britânica Better Dairy apresentou queijos produzidos por fermentação de precisão, sem uso de leite de vaca, prometendo reduzir o impacto ambiental da indústria de laticínios. Já na saúde, pesquisadores do King’s College London desenvolveram um tratamento dentário à base de queratina, uma proteína que pode reparar esmalte danificado, com previsão de chegar ao mercado em alguns anos.
Pela inovação em áreas inusitadas, um designer londrino criou chinelos feitos de pó doméstico recolhido do aspirador de pó, propondo uma reflexão sobre consumo e reaproveitamento. Paralelamente, o coletivo “Bionic and the Wires” transformou sinais elétricos de cogumelos e plantas em música, explorando o cruzamento entre arte e ciência.
Inteligência artificial também ampliou seu papel: o sistema IntelliPig começou a analisar expressões faciais de porcos para identificar sinais de estresse, enquanto o “Moflin” surgiu como um animal de estimação criado por algoritmos que reage ao toque e emite sons, desenvolvendo personalidades variadas com o tempo.
Máquinas cada vez mais humanas — e autônomas
A robótica humanoide apresentou avanços expressivos, como o robô Agibot Genie-1 na China, capaz de aprender tarefas do cotidiano com suporte humano, pensando em solucionar a escassez de mão de obra. Em agosto, Pequim sediou os Mundiais de Robôs Humanoides, onde equipes de diversos países participaram de partidas de futebol autônomas, exibindo o potencial da inteligência artificial em tempo real.
Desafios também surgiram em ambientes extremos: o OceanOneK, capaz de mergulhar até mil metros e transmitir sensações táteis, e a robô-aranha “Charlotte”, que utiliza impressão 3D para construir estruturas com maior eficiência e menos desperdício em construções.
O futuro na medicina e no espaço
Na medicina, próteses biónicas como o Hero Arm ganharam rapidez e precisão, com exemplos de uso em feridos de guerra. Startups tunisinas desenvolveram próteses com inteligência artificial e impressão 3D para ampliar o acesso a tratamentos. Além disso, a ferramenta MELD Graph emprega IA para detectar anomalias cerebrais associadas à epilepsia, muitas vezes invisíveis em exames convencionais.
No espaço, 2025 manteve o monitoramento constante de asteroides como o 2024 YR4, cuja colisão com a Terra em 2032 foi considerada improvável. Pesquisadores também avançaram na produção de alimentos em órbita com o uso de laboratórios automatizados, visão fundamental para futuras missões a Marte.
Em um dos debates mais antigos, possível detecção de sinais de vida na atmosfera do exoplaneta K2-18b reacendeu as discussões. Compostos produzidos por organismos vivos, como sulfureto, foram identificados, mas a comunidade científica pediu cautela, reforçando que ainda há muito a esclarecer.
Ao fim de 2025, fica claro que a ciência abriu novas fronteiras, muitas sem respostas definitivas, mas com o potencial de transformações profundas na sociedade, na ética e na compreensão do universo.


