Janderson cresceu no Rio de Janeiro, mais especificamente em São João de Meriti, onde as dificuldades da infância foram moldando seu caráter e determinação. Desde cedo, ele enfrentou desafios que muitos poderiam considerar insuperáveis, mas encontrou forças para transformar suas adversidades em uma história de sucesso.
A infância difícil e a necessidade de mudança
Nascido na comunidade da Caixa d’Água, Janderson descreve sua infância como um reflexo da luta diária por sobrevivência. “Não vou falar sofrida, porque o sofrimento é muito pesado”, ressalta. Ele conta que, muitas vezes, sua família não tinha alimento suficiente, e a casa onde vivia estava em condições precárias. Com rachaduras nas paredes, a estrutura mal se mantinha. Essas experiências, no entanto, apenas aumentaram sua determinação de ter uma vida melhor.
“Quando eu era pequeno, só jogava bola e estudava. Meus pais me davam todo o suporte para eu estudar”, diz Janderson, refletindo sobre seus anos de adolescência. No entanto, ao chegar aos 16 e 17 anos, ele percebeu que se tornar jogador de futebol poderia ser uma tarefa mais difícil do que imaginava. Então, decidiu ajudar seus pais e buscar uma fonte de renda própria.
O início do trabalho e a venda nas ruas
Foi então que o jovem começou a vender doces nas ruas. Janderson descreve sua rotina intensa: “Andava muito nessa época. Comprava mercadoria no Mercadão de Madureira, pegava o trem e ia vender pela cidade”. Entre as paradas, ele percorria uma longa jornada que incluía pontos conhecidos como Campinho, Tanque, Taquara e Freguesia.
Mesmo mantendo o sonho de ser jogador, ele estava comprometido com seu trabalho. “Quando comecei a vender mercadorias, ainda treinava futebol no Ação, um time da Série C do Rio de Janeiro”, conta. Essa rotina demandava sacrifícios, como acordar cedo para treinar e ainda dedicar a maioria do seu dia à venda de doces. Janderson lembra que chegou a tirar R$ 5.000 por mês com seu trabalho, o que lhe permitia ajudar sua família e garantir um pouco de lazer nos finais de semana.
Os desafios e os primeiros passos no futebol profissional
Após quatro anos de trabalho árduo nas ruas, uma oportunidade apareceu: Janderson recebeu uma proposta para jogar no Campeonato Maranhense pelo São José. “Orei e pedi a Deus para que essa fosse minha última chance. Entrei em campo determinado”, conta. Durante sua passagem pela equipe, ele se destacou como vice-artilheiro, o que chamou a atenção de outros clubes. “Foram sete gols em 15 jogos na Série D do Brasileirão”, afirma com orgulho.
Clubes como Ponte Preta e Botafogo demonstraram interesse em seu talento, e Janderson decidiu dar um passo atrás, ingressando no sub-23 do Botafogo. “Estava certo de que ia subir para o profissional, e foi isso que aconteceu”, revela Janderson, lembrando como sua persistência e trabalho duro o levaram a conquistar seu espaço.
A realização do sonho e o compromisso social
Com sua ascensão no time profissional, a vida de Janderson começou a mudar drasticamente. Ele expressa sua alegria ao perceber que finalmente as dificuldades do passado estavam ficando para trás. “Foi uma alegria enorme porque ninguém mais acreditava que eu ia virar jogador, nem eu mesmo”, reflete.
Apesar das dificuldades enfrentadas, Janderson manteve um coração generoso. “Desde pequeno, sempre ajudei as pessoas de alguma forma”, destaca. Agora que está em uma posição melhor, ele se dedica a ajudar sua comunidade, organizando festas e promovendo a entrega de cestas básicas e ovos de Páscoa para as crianças.
O futuro está nos estudos e no futebol
O atleta, que parou de estudar no primeiro ano do ensino médio, agora sonha em concluir seus estudos e cursar Educação Física. Janderson acredita que o conhecimento é fundamental, mesmo que sua carreira no futebol esteja em ascensão. “Quero continuar no futebol, mas também valorizo a educação”, finaliza.
A história de Janderson é uma prova de que, com determinação e esforço, é possível superar as dificuldades e alcançar os sonhos. Sua trajetória é uma verdadeira inspiração para muitos que, como ele, enfrentam obstáculos em suas vidas.


