Em uma análise profunda sobre os desafios que marcam a vida da Igreja universal e a situação social e política em África, o Cardeal Fridolin Ambongo, Arcebispo de Kinshasa e Presidente do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM), enfatiza que a verdadeira paz no continente só poderá ser alcançada através da conversão do povo e do seu comprometimento com a verdade, a justiça e a igualdade. Ele espera que 2026 seja um ponto de partida para a libertação de África de todos os “poderes que a mantêm atolada em conflitos e pobreza”.
Reflexões sobre o Jubileu de 2025
O ano de 2025 ficará marcado na memória coletiva dos cristãos em todo o mundo. Este período foi marcado por um Ano Jubilar com o tema da esperança, além da morte do Papa Francisco e da eleição de seu sucessor, o Papa Leão XIV. O Jubileu, que encerra no dia 6 de janeiro de 2026, a Festa da Epifania do Senhor, foi considerado por Ambongo como “um Kairós para toda a Igreja Universal”.
Em uma entrevista ao Vatican News na véspera do Ano Novo, o Cardeal Ambongo reflete sobre a importância do Jubileu, que mobilizou várias categorias sociais e eclesiais para refletir sobre a esperança. Ele destaca que muitos peregrinos de diversas partes do mundo passaram pelas Portas Santas em Roma, celebrando esse momento único de fé e unidade.
A violência e a busca por paz em África
A situação em África continua a ser marcada por conflitos, golpes de Estado e um aumento alarmante de sequestros e assassinatos de cristãos, especialmente na Nigéria. O Cardeal Ambongo expressa sua esperança de que a luz de Cristo, o Príncipe da Paz, possa proporcionar um futuro harmonioso e pacífico para todos os africanos. Ele ressalta que a mensagem de Natal do Papa Leão XIV, que pediu o fim da violência e dos conflitos, é especialmente relevante em um contexto onde muitos países africanos enfrentam anos de guerras e tumultos.
Uma chamada à responsabilidade pessoal
Em suas reflexões sobre a mensagem do Papa, o Cardeal Ambongo enfatizou a importância do reconhecimento das falhas pessoais e a solidariedade com os mais fracos. “Se cada um de nós, em vez de acusar os outros, reconhecesse suas próprias faltas e buscasse perdão, o mundo mudaria”, disse ele. Essa consciência, segundo o Cardeal, é essencial para a construção de um futuro mais pacífico.
A esperança e os desafios do continente africano
O Cardeal Ambongo, ao encerrar o Ano da Esperança, lembrou aos africanos que um futuro melhor é possível, mesmo diante de tantos desafios. “A bola está no nosso campo”, disse ele, encorajando todos a acreditar na capacidade de transformação do continente. O Jubileu de 2025 não foi apenas uma comemoração, mas uma oportunidade para refletir sobre como todos podem contribuir para a paz e a justiça em África.
Durante a 20ª Assembleia Plenária do SECAM, realizada em Kigali, Ruanda, os bispos africanos reuniram-se para discutir como Cristo pode ser a fonte de esperança e reconciliação para o continente. O Cardeal reconhece que muitos dos problemas enfrentados, como a pobreza e a violência, estão enraizados em estruturas de injustiça e desigualdade.
O legado do Papa Francisco e a soberania africana
A morte do Papa Francisco em 2025 deixou um legado forte, especialmente em relação à defesa dos vulneráveis e à luta contra a exploração dos recursos africanos. O Cardeal Ambongo recorda as poderosas palavras do Papa durante sua visita à República Democrática do Congo, onde pediu às nações poderosas para “retirarem as mãos da África” e respeitarem o continente e seu povo.
A mensagem do novo Papa, Leão XIV, também se alinha com esses princípios, enfatizando a paz e a esperança. O Cardeal destacou que é necessário que os africanos se unam para defender sua terra e seus recursos naturais contra os interesses exploradores que ainda persistem.
Um apelo à ação e resistência
Concluindo suas reflexões, o Cardeal Ambongo lembrou que os desafios atuais requerem ação coletiva. Ele disse que a democracia e a redistribuição de riqueza devem ser promovidas para garantir que todos tenham acesso às oportunidades e recursos. “É tempo de nós, africanos, compreendermos que o poder é um serviço”, enfatizou.
Diante do crescente jihadismo e da violência direcionada a cristãos, o Cardeal apelou para que as comunidades se unam contra essa problemática, garantindo que todos possam viver em paz e harmonia.
Finalizando, o Cardeal deixo um encorajamento a todos os africanos para que, apesar das adversidades, continuem a lutar e a se unir por um futuro melhor, onde todos possam viver em dignidade e paz: “Um feliz e abençoado Ano Novo de 2026 para todos”.


