A Corrida Internacional de São Silvestre, uma das mais tradicionais do Brasil, celebra sua centésima edição este ano com números impressionantes. Um total de 55 mil corredores, representando 44 países, se inscreveram para a prova, estabelecendo um novo recorde na história do evento. O aumento da participação feminina é destacado como um dos marcos mais importantes, com mulheres agora representando 47% do total de inscritos.
A importância da participação feminina
O crescimento no número de mulheres participando da São Silvestre foi amplamente celebrado por ícones do atletismo brasileiro. A corredora Nubia de Oliveira, que obteve um dos melhores resultados na corrida do ano passado, enfatizou em uma entrevista a motivação proporcionada por esse aumento. “A São Silvestre tem 100 anos de história e, nos últimos anos, vem aumentando muito o número de mulheres. Essa participação era proibida para nós no passado e, a partir de 1975, começamos a participar”, compartilhou Nubia.
“Todas as mulheres que participaram da São Silvestre, e as que foram campeãs, me motivam e me inspiram”, acrescentou a atleta, refletindo sobre a crescente presença feminina no evento.
Nubia salientou que a corrida de rua tem sido uma plataforma poderosa para as mulheres superarem desafios pessoais. “A corrida mostra isso: superação e determinação a todo momento”, destacou. Jeane dos Santos, outra corredora brasileira, também compartilhou sua alegria ao ver tantas mulheres participando e contou como a corrida a ajudou a superar dificuldades emocionais, como a depressão e a ansiedade.
Desafios a serem enfrentados
Ainda que as corredoras brasileiras estejam otimistas, elas enfrentam um desafio significativo: romper um tabu de vitórias nacionais que se estende desde 2006. Elas precisam superar o domínio das atletas quenianas, que têm dominado os pódios das últimas edições. A atleta queniana Cynthia Chemweno, que terminou em segundo lugar ano passado, expressou sua determinação, afirmando que se sente orgulhosa de correr no Brasil e que espera ter um bom desempenho novamente.
“Correr no Brasil é muito bacana porque as pessoas, durante o percurso, ficam saudando os atletas. Isso traz muita alegria e me sinto muito bem correndo aqui”, disse Chemweno, ressaltando a atmosfera calorosa do evento.
Outra atleta, Sisilia Ginoka Panga, da Tanzânia, também esteve animada com sua participação na São Silvestre, afirmando que se preparou bem e está pronta para a corrida.
O estilo de corrida africano versus brasileiro
No feminino, o Brasil não vence a corrida desde 2006, mas a situação é semelhante no masculino, onde a última vitória brasileira foi em 2010. O corredor Johnatas Cruz comentou sobre a diferença nas abordagens das corridas entre brasileiros e atletas africanos. Ele observou que os africanos tendem a treinar juntos, criando uma forma de apoio coletivo que, segundo ele, é essencial para o sucesso. “Se esse jeito brasileiro de correr não for alterado, dificilmente o Brasil voltará ao topo da prova”, alertou.
“Acredito que isso será um divisor de águas para também a gente começar a não só ganhar São Silvestre, mas ganhar outras competições de nível”, afirmou Cruz.
O corredor queniano, Wilson Maina, compartilhou sua visão de que a amizade e o apoio mútuo entre os atletas africanos são chaves para suas vitórias. Essa dinâmica de grupo, em sua opinião, oferece uma vantagem significativa nas competições.
Um evento com tradição e emoção
A centésima edição da Corrida Internacional de São Silvestre acontece na manhã desta quarta-feira, 31 de dezembro, e promete ser um evento grandioso, encerrando o calendário esportivo brasileiro. A prova começará com a largada da categoria Cadeirantes às 7h25, seguida das elites femininas e masculinas, e posteriormente os pelotões gerais. Desde 1991, o percurso é de 15 quilômetros, abrangendo alguns dos pontos turísticos mais icônicos de São Paulo, com largada e chegada em locais emblemáticos da cidade.
O evento não é apenas uma corrida; é uma celebração de superação, determinação e comunidade, simbolizando tanto o passar do tempo quanto a evolução do esporte no Brasil, especialmente para as mulheres. A corrida de São Silvestre não só une pessoas de diferentes nacionalidades, mas também inspira novas gerações a sempre buscar suas metas, sejam nas pistas ou na vida.


