Brasil, 30 de dezembro de 2025
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Protestos em massa no Irã após queda recorde da moeda

Os protestos mais significativos no Irã nos últimos três anos eclodiram nesta segunda-feira, em resposta à queda acentuada da moeda do país, o rial, frente ao dólar americano, que atingiu um recorde histórico. A tensão aumentou ainda mais com a renúncia do presidente do Banco Central, Mohammad Reza Farzin, cuja saída foi anunciada pela televisão estatal.

A explosão das manifestações nas ruas de Teerã

As manifestações começaram nas ruas de Teerã, com comerciantes e trabalhadores do mercado se reunindo em Saadi Street e no bairro de Shush, próximo ao Grande Bazaar, um local histórico de mobilização social no Irã. Os comerciantes desempenharam um papel crucial na Revolução Islâmica de 1979, que depôs a monarquia. A Agência de Notícias IRNA confirmou os protestos, que também ocorreram em outras cidades importantes, como Isfahan, Shiraz e Mashhad. Em várias áreas de Teerã, a polícia respondeu com gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

Os protestos de segunda-feira foram descritos como os mais expressivos desde 2022, quando a morte de Mahsa Jina Amini em custódia policial gerou uma onda de mobilizações em todo o país. Mahsa foi detida por policiais da moralidade por supostamente não usar o hijab corretamente.

Contexto econômico e a crise da moeda

A desvalorização do rial é alarmante. No domingo, o rial caiu para 1,42 milhões por dólar, enquanto na segunda-feira estava cotado a 1,38 milhões. Desde a posse de Farzin em 2022, quando a taxa era em torno de 430 mil riais por dólar, a situação só tem se agravado. Essa rápida desvalorização resulta em um aumento da pressão inflacionária, elevando os preços dos alimentos e de produtos essenciais, o que está dificultando ainda mais a vida das famílias iranianas.

De acordo com o centro de estatísticas do Estado, a taxa de inflação em dezembro subiu para 42,2% em comparação ao ano anterior, com alimentos aumentando em até 72% e produtos de saúde subindo 50%. Críticos da política econômica do governo veem esses índices como precoces sinais de uma hiperinflacção iminente.

Reações do governo e de especialistas

A expectativa de aumento de impostos no ano novo iraniano, que começa em 21 de março, alimentou ainda mais a preocupação entre a população. A crise econômica atual é resultado de uma combinação de fatores internos e externos, incluindo a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear em 2018 e a reafirmação de sanções relacionadas ao programa nuclear do país pelo Conselho de Segurança da ONU em setembro. Essas medidas, descritas como um “mecanismo de retorno” ou “snapback”, congelaram ativos iranianos no exterior e interromperam transações de armas com Teerã.

Medos de um conflito renovado e sua influência no mercado

Além dos problemas econômicos, a incerteza sobre um possível renovado conflito ao lado de tensões envolvendo Israel aumentou a ansiedade entre os iranianos. Aqueles que vivem em solo iraniano temem a possibilidade de uma confrontação mais ampla que poderia envolver os Estados Unidos, o que pode complicar ainda mais a recuperação econômica e a estabilidade do mercado.

O cenário atual deixa claro que a insatisfação com a situação econômica e as autoridades é alta, e que, a cada nova crise do rial, a possibilidade de novas manifestações e resistência popular aumenta. O futuro é incerto, mas as vozes nas ruas do Irã estão se levantando, demandando mudanças significativas em um momento critico da sua história.

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