Brasil, 30 de dezembro de 2025
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Guila Clara Kessous defende 30% de mulheres em mesas de paz

Incluir as mulheres nas negociações de paz é uma questão de justiça, equidade e esperança de que elas podem contribuir para melhores resultados. É isso que motiva Guila Clara Kessous, artista da UNESCO para a paz, que planeja apresentar, em março de 2026, um pedido à ONU para que as mesas de negociações de paz tenham pelo menos 30% de mulheres.

A proposta de Guila Clara Kessous

Guila, que também é coach e filantropa social, é embaixadora do Círculo Universal das Embaixadoras de Paz. Ela está levando a cabo uma proposta global a ser submetida à 61ª Sessão da Comissão da ONU para os Direitos Humanos, onde a resolução visa assegurar que, nas negociações de paz, pelo menos 30% dos participantes sejam mulheres. O lançamento desta proposta aconteceu durante uma jornada de debate sobre a paz, realizada na sede das Nações Unidas em Genebra, em setembro de 2025.

Recentemente, em outubro de 2025, Guila foi premiada como “Mulher da Década” na Sicília pelos seus esforços em integrar mais mulheres nos processos de paz. O prêmio foi entregue pela filha do Presidente da República Italiana, Sérgio Mattarella.

A presença feminina na diplomacia

Guila destacou que a presença da África no Círculo de Embaixadoras de Paz é fundamental. “A África está muito mais avançada em questões de direitos das mulheres em comparação com a Europa ou América. O potencial feminino no continente é ainda pouco revelado, e é essencial reunir as 54 nações africanas para que essa energia possa mudar as mentalidades”, afirmou.

Ela também mencionou que, apesar das conquistas passadas, na década de 1990, em matérias como o Protocolo de Maputo e a convenção sobre os direitos de gênero, a realidade ainda é desafiadora, especialmente em contextos de guerra, como no Sudão e na República Democrática do Congo. “As mulheres que estão no poder muitas vezes permanecem sob a influência masculina, e é necessário que haja um apoio internacional que as legitime”, completou Guila.

Desafios e soluções para a inclusão

Em meio a críticas sobre a eficácia das iniciativas, Kessous defendeu que a aplicação de sanções é uma questão crucial para garantir progresso. “É inexistente uma verdadeira pressão internacional sobre países que não respeitam os direitos das mulheres. Na resolução que estou para apresentar, proponho não apenas a inclusão de 30% de mulheres nas mesas, mas também um sistema de acompanhamento para observar mudanças reais”, explicou Guila.

Ela ressalta que de 1995 até hoje, menos de 6% das signatárias de tratados de paz são mulheres, e que as negociações efetivas têm menos de 8% de mulheres envolvidas. “Isso é uma realidade alarmante”, disse. Sua proposta visa responsabilizar os estados por não cumprirem esta quota feminina. “A inclusão de mulheres não deve ser vista como uma questão de caridade, mas sim como uma questão de justiça e equidade”, afirmou.

A participação da mulher: um imperativo moral

Kessous é firme ao afirmar que a representação da mulher é essencial nos processos de paz. “As mulheres têm um papel significativo nas decisões sobre o futuro da sociedade. Estudos mostram que quando estão envolvidas, 35% dos acordos duram mais”, apontou.

Embora reconheça as limitações de sua proposta, ela acredita que é um passo importante. “Nada é suficiente até que toda a representação feminina seja garantida. Esta é apenas uma gota d’água, mas o importante é que comece”, disse Guila.

Além disso, a artista enfatiza que promover os direitos das mulheres é uma tarefa primordial, mas não deve ser vista de forma simplista, como uma luta das mulheres. “É uma batalha por justiça; é preciso garantir que todas as vozes sejam ouvidas, e não apenas as de uma maioria silenciosa”, concluiu.

Com sua determinação, Guila Clara Kessous busca não apenas um espaço para as mulheres nas negociações, mas também a transformação da consciência global sobre a importância de sua participação no caminho rumo à paz.

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