A Polícia Federal realizará nesta terça-feira depoimentos do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e do diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos. Os depoimentos, marcados para às 14h na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), serão analisados pela delegada responsável, com a possibilidade de uma acareação entre os envolvidos.
Quem são os depoentes e o motivo das oitivas
Daniel Vorcaro tentou vender o Banco Master ao BRB, operação vetada pelo Banco Central em setembro, o que desencadeou uma série de investigações. Dois meses após a tentativa de venda, Vorcaro foi preso, enquanto o BC decretou a liquidação do banco devido a suspeitas de operações fraudulentas envolvendo cerca de R$ 12 bilhões. Os depoimentos fazem parte do inquérito que apura fraudes relacionadas à operação.
A controvérsia sobre a acareação
Inicialmente, a acareação foi determinada pelo ministro Dias Toffoli, do STF, que assumiu a condução das investigações. Contudo, na última segunda-feira, após críticas ao procedimento, o STF informou que a Polícia Federal decidirá se o confronto de versões será ou não realizado, sob acompanhamento de um juiz auxiliar do gabinete de Toffoli. A Corte, que não esclareceu as razões dessa mudança e manteve o caso sob sigilo, também negou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para cancelar a acareação.
Resistência à liquidação do banco
O diretor Ailton de Aquino Santos foi o principal opositor à liquidação do Master dentro do Banco Central. Segundo a coluna de Malu Gaspar, a decisão foi aprovada por unanimidade pela diretoria colegiada do BC, apesar das resistências internas. Aquino, que também foi alvo de investigação, foi considerado um aliado do banco na época, e registros do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) indicam 38 alertas sobre riscos de liquidez e problemas na saúde financeira do banco, muitos deles minimizados por ele.
Conflitos internos e análises regulatorísticas
O combate às irregularidades só ganhou força em março de 2025, quando o BRB anunciou adquirir 58% do banco de Vorcaro, sem controle total da instituição. Durante essa análise, surgiram evidências de fraudes nos contratos de crédito consignado, envolvendo a transferência de mais de R$ 12 bilhões do BRB para o Master antes mesmo da fusão, revelando uma complexa operação ilícita. O principal especialista do BC sobre o caso, Renato Gomes, que já encerrou seu mandato, é quem conhece, de fato, as fraudes e seus mecanismos.
A situação revela uma crise interna no Banco Central, onde diferentes áreas divergiram sobre o procedimento adequado para lidar com o banco de Vorcaro — entre intervenção, liquidação ou manutenção da operação. A investigação, que já passou por vários níveis de autoridade, continua a trazer à tona conflitos e questionamentos sobre a atuação dos reguladores e criminosos no sistema financeiro.
Para mais detalhes sobre o caso, acesse o artigo completo no Globo.


